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Carros a hidrogênio começam a virar realidade

Não é mais novidade que as montadoras estão lutando para sair na frente com veículos movidos a energias alternativas. Carros puramente elétricos ou híbridos (com associação paralela com motor a combustão) já são uma realidade e, em determinados casos, sucesso de vendas. O que está florescendo nesse instante com perspectivas reais de se chegar ao mercado, no máximo, em 2015, são os veículos movidos à célula de combustível, os automóveis a hidrogênio. Essas máquinas – que liberam moléculas de água pelo escapamento – estão figurando como as maiores atrações dos Salões de Tóquio e Los Angeles 2013, duas importantes mostras automotivas que acontecem nesse instante.  

Estrelas dos salões >> O que há pouquíssimo tempo estava apenas na prancheta, nesse momento começa a se mover, gradativamente, para as estradas do mundo real. Nos renomados salões, a Hyundai anunciou que vai começar um programa de locação de 1.000 unidades do SUV Tucson no próximo ano na Califórnia (EUA). O modelo já está pronto e será ofertado para aluguel apenas nesse Estado norte-americano.

FCEV >> Já a Honda mostrou o FCEV Concept, antecipando aquilo que será o seu veículo de célula de combustível de última geração. A empresa nipônica confirmou que tem intenção de começar a oferecer um veículo com essas características já a partir de 2015 nos Estados Unidos.

Honda FCEV Concept: estilo futurista, mas já deve chegar às lojas em 2015

FCV >> A Toyota introduziu o sedã FCV, destacando que ele é um “conceito prático” do veículo de célula de combustível que planeja lançar daqui a dois anos. Esse Toyota deverá disponibilizar uma autonomia de 300 milhas, algo em torno de 480 quilômetros. Os tanques de hidrogênio do FCV podem ser recarregados em apenas três minutos.

Toyota FCV: também previsto para 2015, tem desenho mais ´comum´

Mercado >> Os maiores obstáculos dos fabricantes de carros a hidrogênio são os seguintes: abaixar os custos de produção, tentar viabilizar a distribuição desse tipo de combustível e tornar a tecnologia 100% confiável. A Toyota disse que já conseguiu reduzir o custo do sistema de célula de combustível para o seu próximo carro movido a hidrogênio, que deverá ser um sedã de porte médio comercializado num valor abaixo de 100 mil dólares.

Poucos postos de abastecimento >> A Califórnia e, principalmente, a cidade de Los Angeles, é que possui a maior concentração de postos de abastecimento de hidrogênio nos Estados Unidos: cerca de 30 centrais feitas especialmente para projetos de demonstração de frota. Por causa desse detalhe é que a Hyundai, Honda e Toyota optaram pela Califórnia como o primeiro mercado para colocar os veículos com células de combustível à venda.

Custos altíssimos >> O custo de produção de um carro a hidrogênio é um segredo muito bem escondido. Bilhões de dólares já foram gastos nos últimos anos para se conseguir, principalmente, reduzir o tamanho da “pilha” e também para desenvolver os tanques de alta pressão controlados por computador. As Pilhas de células de combustível são caras por duas razões básicas: as placas internas de cada célula contêm metais caros, como por exemplo, a platina, que custa cerca de US$ 1.400 a onça. Dependendo do número e tamanho das células em uma pilha, o custo pode subir demais, lembrando que esse tipo de veículo também utiliza conversores catalíticos. Os custos são elevados porque a tecnologia é complexa, as técnicas de montagem são novas e o trabalho é intensivo. Como curiosidade: as células somente podem ser montadas à mão num ambiente extremamente limpo.

Como funciona? >> Num veículo de célula de combustível, a eletricidade é gerada quando o hidrogênio gasoso passa por placas num terminal ânodo contendo um catalisador de platina. O hidrogênio se divide em prótons e elétrons carregados negativamente. Os elétrons viajam ao terminal cátodo para criar a eletricidade necessária para alimentar motores e acessórios de acionamento elétrico do veículo.

Muita estrada… >> Como dito, a tecnologia já existe, os fabricantes se esforçam para diminuir os custos, mas a infraestrutura (mesmo em lugares ricos como nos Estados Unidos) ainda é precária. No início dessa semana durante as coletivas de imprensa aos jornalistas no Salão de Tóquio, o executivo Carlos Ghosn (CEO da Renault/Nissan) disse que a Nissan deverá atrasar o lançamento do seu veículo movido à célula de combustível. Ele questionou a falta de postos de abastecimento de hidrogênio e também a lenta aceitação do consumidor. “Estou muito curioso e interessado em ver o que os concorrentes farão ao dizer que vão ao mercado de massa com esse tipo de carro já em 2015. Aonde está a infraestrutura? Quem vai construir?”, destacou Ghosn.