Já ficou para trás o tempo em que picape era um veículo exclusivamente ´utilitário´, ou seja, um automóvel desenvolvido para o transporte de cargas como sua função maior. E o mercado nacional é um dos responsáveis pela mudança desse conceito, pois o Brasil é um dos países aonde mais se usa uma picape apenas para a mobilidade de pessoas. E esse costume chega ao pico do absurdo ao exibir – muitas vezes – somente um ocupante num automóvel de duas toneladas e centenas de cavalos de força. Sempre pensei nesse assunto avaliando as possibilidades que levam à essa escolha e, acredito que a questão da segurança (por se trafegar num veículo alto e mais robusto) deva ser a principal razão da compra, já que uma picape – a partir de tamanho médio – já demanda mais atenção ao volante e paciência para encontrar vagas de estacionamento, cada vez mais raras. Nos últimos cinco anos o mercado brasileiro teve a sua gama enriquecida nesse segmento pela chegada de picapes cada vez maiores, potentes e luxuosas.
Quem tem alguns cabelos brancos a mais, vai se lembrar que, nos anos ´1970 e ´80, esse universo se resumia a poucas e espartanas unidades, como as Chevrolet C-10, C-14 e depois a D-10, a Ford F-100 e depois a F-1000 e a VW Kombi (em sua versão picape). Acho que a rara Dodge D100 encerrava a brincadeira, limitando as escolhas. Também no final dos anos ´1970 e decorrer dos anos ´80, iniciou-se a fase das picapes de pequeno porte no país, com a Fiat lançando a City e depois a Fiorino, que culminaram na chegada da Strada. Paralelamente, VW atacava de Saveiro, Ford de Courier e Chevrolet com a Chevy 500 (depois Montana). Passamos, então, à fase das picapes médias (que fazem sucesso até hoje) como a Chevrolet S-10, Ford Ranger, Mitsubishi L200, Nissan Frontier, VW Amarok, Toyota Hilux, às médias-compactas Fiat Toro, GM Nova Montana e Renault Oroch e agora temos novidades como a RAM Rampage (média-compacta também) e as picapes grandes e de alto luxo, que são mais novatas por aqui. Essas últimas, são a RAM (1500/2500 e 3500), Ford F-150, Ranger (na opção Raptor) e Chevrolet Silverado. Nesse contexto é possível encontrar motores a gasolina ou diesel com 4, 6 e até 8 cilindros e aparatos tecnológicos, de segurança e conforto realmente impressionantes, assim como são incríveis, também, os preços, pois várias delas custam acima de meio milhão de Reais! Ressalto a picape média Ford Maverick como um destaque interessantíssimo para aqueles que curtem um rodar macio, silencioso e um porte de carro de passeio médio-compacto. É uma das melhores que já testei e, inclusive, oferece motorização opcionalmente híbrida. Se há um segmento automotivo rico em opções atualmente, é o das picapes com seus preços, opcionais, degraus de luxo e conforto, tipos de motores e câmbios, portes, capacidade de carga/reboque e até níveis de permissividade de condução que exigem capacitação mais ampla na CNH (carteira nacional de habilitação). Entre o tranquilo uso urbano ou desafiantes percursos fora de estrada, as picapes são os camaleões sobre rodas, expostas para todos os tipos de bolsos, necessidades e gostos. (Foto: divulgação Chevrolet / Instagram: @acelerandoporai.com.br)
