O fabuloso legado de Ayrton Senna e sua viva influência às novas gerações

No seu livro intitulado ´Garra: o poder da paixão e da perseverança´, a psicóloga Angela Duckworth faz uma explanação bem completa sobre as características principais das pessoas vencedoras. O núcleo do seu trabalho nessa publicação foi uma descoberta que ela fez sobre pontos comuns entre alunos – bem ou mal sucedidos – de West Point, a famosa academia militar norte-americana que exige ao máximo dos seus cadetes, tanto física, quanto psicologicamente. Angela descobriu o que ninguém havia percebido desde 1802, data da fundação da instituição. Ela disse que a ´garra´ ou seja, a vontade exagerada, a força máxima, a resiliência e a obsessão por vencer são detalhes que contam mais do que a capacidade intelectual e a força muscular.

E foi esse ótimo livro que me inspirou a escrever um pouco sobre o piloto brasileiro Ayrton Senna, que, com muitíssima garra, conquistou três títulos mundiais na Fórmula 1. Neste dia 1º de maio de 2024 completam-se 30 anos da sua morte após o gravíssimo acidente na famosa ´Curva Tamburello´ em Ímola (Itália). Em dez anos de carreira (1984-1994) Senna esteve no pódio exatamente 80 vezes: 41 em primeiro lugar e outras 39 em segunda ou terceira posições, nesses últimos casos, com a fisionomia ´trancada´, já que somente a vitória o interessava.

Senna começou na tímida escuderia Toleman com um carro praticamente sem chances de vitória, mas conseguiu chamar atenção das grandes equipes por causa de suas impecáveis atuações na primeira temporada. O aperfeiçoamento deu-se na inglesa Lotus entre 1985 e 87 e, por fim, amadureceu e floresceu com brilho máximo na (também inglesa) McLaren/Honda. Deixemos a sua breve passagem pela Williams num cantinho do passado… A diferença de Ayrton Senna para outros pilotos foi, justamente, a garra! Sua obsessão pela vitória e perfeccionismo levados ao extremo, associados a um talento muito acima da média o colocaram no patamar absoluto da F1. Tornou-se um titã a derrotar vários ´monstros´ gigantes como Alain Prost, Nigel Mansell e Nélson Piquet. Somente esses três oponentes já seriam motivo suficiente para muitos desistirem de tentar. Senna foi além na pista e na vida. Me lembro do surgimento da marca ´Senna´, um bonito logotipo vermelho em fundo branco que remetia a duas curvas em formato de ´S´. Após o primeiro título em 1988, o piloto agigantou-se, também, nos negócios fora das pistas. A marca Senna (que desde 1990 até hoje já faturou mais de R$ 8 bilhões) continua administrando os produtos e eventos.

Mas o legado desse superpiloto não é somente financeiro. A herança foi bem mais longe. Após a sua morte é que nós, brasileiros, descobrimos a generosidade que ele tinha ao ajudar crianças com câncer. Fazia isso no anonimato. Coisa de quem age com o coração. Paralelamente, o ´Instituto Ayrton Senna´ dava os primeiros passos rumo a uma brilhante atuação que continua até hoje no engajamento em causas sociais realmente importantes. A rica família, sempre representada pela irmã Viviane Senna, em demonstração de generosidade para com o próximo, continuou acelerando fundo em questões relevantes, principalmente, ligadas à educação para muitos brasileiros. Portanto… não foi somente Elvis que não morreu: Ayrton Senna continua ´vivinho da Silva´, inspirando novas gerações justamente pela garra, profissionalismo e vontade irredutível de vencer. Viva Senna! (Fotos: Instituto Ayrton Senna)