Não há como fechar os olhos para a aguerrida ofensiva da indústria automotiva chinesa. Vale lembrar que eles começaram a se movimentar nesse ramo no início dos anos ´1950, mesma época em que o parque industrial de veículos motorizados iniciou as suas atividades no Brasil. A diferença é que os chineses não se contentaram em consumir somente carros importados. Eles observaram, estudaram, copiaram e, por fim, desenvolveram produtos inéditos com alto padrão construtivo, hoje equiparado a qualquer marca tradicional que tenha renome mundial.
E a chegada dos chineses aos grandes mercados já incomodou a ponto de os Estados Unidos, por exemplo, elevarem os impostos de importação a um nível tão alto (+ de 100%), que, praticamente inviabilizará a operação chinesa por lá. Caso parecido nessa luta contra a chegada dos automóveis da China, está ocorrendo na União Europeia, que hoje congrega 27 países. As tarifas de importação também foram taxadas largamente numa busca pela frenagem dos chineses e consequente recuperação nas vendas de marcas europeias tradicionais.
Essas são questões burocráticas, que envolvem longas reuniões entre ministros de economia em algum gabinete luxuoso de Bruxelas, só que… o público parece que já escolheu um lado. As pessoas – agora integradas de corpo e alma – ao mundo digital, demonstram pouca ou nenhuma importância ao tradicionalismo de marcas automotivas de renome global e que estejam nesse ramo há mais de 100 anos. As pessoas simplesmente querem novidades, querem ´respirar´ modernidade. Tradição é uma coisa que agora parece somente fazer sentido para os apaixonados por whisky e vinho. Não vale mais para marcas de carros.
A (ex-sueca) Volvo agora pertence à chinesa Geely, que também é dona da ´ex-inglesa´ Lotus. Faça uma pesquisa no Google ou no Bing e você vai se assustar com a quantidade de sócios, portanto, donos (mesmo que parcialmente) de marcas automotivas de capital aberto. E… é claro: os chineses estão por lá também. A Chevrolet (ex-maior do mundo e que tem a GMC no grupo), está sufocando com vendas pífias de médias 2.000 unidades mensais na China, assim como a alemã Porsche (do Grupo VW) já despencou mais de 1/3 nas comercializações em 2024 por lá. As famosíssimas Toyota, Tesla, Honda, Volkswagen e Nissan também estão sendo engolidas na China, principalmente pela BYD, Chery e Geely.
Somente os fanáticos por motores V8 a gasolina e nascidos abaixo de 1970, é que sabem dizer quantas gerações têm o Ford Mustang, o Corvette e o Porsche 911… A turma mais jovem, corporativamente ativa e que está se consolidando como a geração compradora da atualidade, parece não se importar com o dia de amanhã, nesse aspecto. Parecem não querer saber se o veículo eletrificado comprado hoje terá ou não liquidez na condição de ´carro usado´ daqui a três ou quatro anos. Já fiz pessoalmente uma pesquisa, no ´mano a mano´, dentro de concessionárias: eles querem preço mais justo, desejam estar a bordo da tecnologia já tão familiar no dia a dia, querem parecer ´atualizados´ também nesse quesito, como se o carro fosse um aparelho de celular. Outras questões como o design da carroceria, a beleza da arquitetura interna e o custo por km rodado, também são relevantes. Esse é o panorama.
Faça um teste para confirmar o que leu: observe a partir de hoje quais (e quantos) carros eletrificados (híbridos ou 100% elétricos) você verá nas ruas. Verifique quantos modelos desses tipos da Peugeot, Chevrolet, Fiat… você verá em comparação aos carros chineses. O mundo, definitivamente, já mudou. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)