Adapte-se ou morra! Esse parece ser o lema obrigatório na indústria dos carros elétricos

Em 2023 foram comercializados pouco mais de 9 milhões de veículos elétricos no mundo. E o bolo das vendas dividiu-se assim: quase 58% para a China, cerca de 22% para os países da União Europeia, aproximadamente 13% nos Estados Unidos e a sobra (7%) foi distribuída para o restante dos mercados globais, incluindo o Brasil.

Como exemplo pontual, os Estados Unidos consumiram quase 60% a mais de veículos elétricos em 2023, quando na comparação com 2022: 1,6 milhão (2023) contra 1 milhão de unidades de EVs em 2022. Esse comportamento num mercado muito peculiar que sempre gostou de carros beberrões e de porte grande, pode estar descortinando o nascimento de uma nova tendência preferencial por veículos mais econômicos, afinal de contas, o custo por quilômetro rodado de um carro elétrico é bem menor do que o de qualquer um a combustão.

Alguns fatores cruciais para o sucesso dos elétricos, você já conhece: preço acessível de compra, infraestrutura de recarga, larga autonomia e liquidez na condição de ´usado´ e já fora da garantia. Esses são os ´calcanhares de Aquiles´ que os fabricantes de veículos elétricos ainda estão tentando resolver. A chinesa BYD, a norte-americana Tesla e o Grupo VW já detêm quase 47% das vendas totais de elétricos e híbridos e são os mais interessados em resolver essas questões de uma vez por todas.

Mas os caminhos sempre apresentam obstáculos duros a serem suplantados. Com o aumento constante da demanda por EVs, um novo imbróglio surgiu: o processamento do grafite (material indispensável para ser usado como ânodo e cátodo nas baterias de íons de lítio) tem gerado preocupações de autoridades em relação à saúde dos funcionários que lidam com esse tipo de atividade, já que a finíssima poeira oriunda da obtenção do pó do grafite pode gerar problemas respiratórios graves ou – no mínimo – alergias nos olhos e pele, já que nem toda empresa processadora trabalha dentro de padrões de altíssima tecnologia, como é o caso da suíça Frewitt, que atua desde os anos ´1940 com a máxima qualidade extrativista e manufatureira.

Detalhe curioso: quase que a totalidade do grafite utilizado nas baterias encontra-se na China, que, praticamente detém o monopólio dessa atividade. Trocando em miúdos, ao menos nesse instante, a indústria global de baterias depende da Ásia para sobreviver. E é por isso que as pesquisas e desenvolvimento de ânodos à base de silício estão tão avançadas. Esse tipo de material permite uma densidade energética bem maior que a do grafite. Se os custos baixarem, fará sucesso no mercado.

Voltando ao universo dos EUA: recentemente numa entrevista, Jim Farley (CEO da Ford) explanou a sua preocupação com a fixação dos norte-americanos por carrões de grande porte. Apesar de ter declarado que também gosta dos tradicionais veículos yankees, ele sabe que – em termos de mercado – esse tipo está se tornando inviável comercialmente tanto com motores gigantes a combustão ou 100% elétricos, já que baterias grandes são caríssimas, ultrapassando os US$ 50.000 e, portanto, elevando o custo produtivo. A ideia atual de Farley é seguir a trilha chinesa com carros compactos e, logicamente, com baterias bem menores e mais baratas.

O jogo de xadrez automotivo é mais complexo do que imaginamos e o tempo está correndo contra os fabricantes que não possuem tecnologias básicas à disposição ou ainda não decidiram um novo molde de negócio a se dedicar. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)