Meu Fusca versus as bases e os periféricos digitais do moderno universo automotivo

Sempre que recebo um veículo de test-drive fornecido por algum fabricante para que eu possa avaliar o produto por alguns dias, costumo fazer um choque comparativo entre esse automóvel de ´último tipo´ e o meu Fusca ´Itamar´ fabricado em 1995. Relembrando que o projeto alemão do Fusquinha data de 1934 e de lá até a sua última edição em 2003 no México, pouca coisa mudou no contexto mecânico desse incrível carro da Volkswagen. Repito constantemente essa operação para poder sentir a colossal distância entre o romantismo espartano de um veículo funcional e os impressionantes níveis de tecnologias automotivas atuais.

Estima-se que já agora em 2026 as ´assinaturas´ tipo ´5G´ ultrapassarão a marca de 3 bilhões de usuários! O 5G fornece dados em ondas de 28 a 39 GHz. Essa possibilidade era somente reservada a utilizações militares, mas agora passa normalmente a fazer parte do universo automotivo e de uso social geral ligado à ´internet das coisas´. Nos automóveis o 5G já é considerado um requisito indispensável para as versões autônomas. A transferência gigantesca de dados entre veículos, infraestrutura e pedestres necessita de alta velocidade para que tudo funcione (quase) com perfeição. Outras questões como o design da interface homem-máquina (IHM), as atualizações over-the-air (OTA) e as comunicações entre veículos com outros veículos, veículos com sistemas de trânsito e veículos com aparatos eletrônicos de uma edificação, estão diretamente ligados ao pleno funcionamento de uma internet de alta qualidade. Extrapolando apenas o lucro da venda de um automóvel para uma pessoa ou várias unidades a frotistas, os fabricantes e seus fornecedores de sistemas agora estão de olho nas possibilidades de manutenção de vínculo com os clientes por anos após a compra inicial. A oferta de atualização de softwares e ´desbloqueios´ de conduções mais cômodas (como modos mais completos de direção autônoma, por exemplo), além da oferta de filmes, músicas e acessos especiais a bordo, são apenas algumas alternativas na chamada ´monetização da cabine´. Mas nem tudo são flores nesse interessante emaranhado mundo digital que já alcançou carros, navios, aviões, submarinos, motos etc. À medida que as funções digitais aumentam, os ´cibercrimes´ também crescem numa proporção até maior, por isso, as arquiteturas de segurança cibernética têm que ser mais eficazes, sempre, afinal de contas, é totalmente possível que uma invasão hacker num sistema de mobilidade possa causar desde um grave acidente a um congestionamento enorme. Cada dia mais estamos mergulhados nisso: na necessidade de conexão 24 horas, nos mergulhos viciantes nas redes sociais, nas surpresas e comodidades que as tecnologias nos oferecem. É o mundo do Big Brother real, factível, que fragiliza a nossa privacidade e custa dinheiro. A adaptação é uma necessidade de sobrevivência. É cruel, mas é fato. Penso nisso tudo escutando o barulhinho do motor do meu Fusca e sentindo o perfume da gasolina que aquela máquina sensacional exala… (Foto: divulgação Agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)