Quem acompanha o universo automotivo, mesmo que superficialmente e apenas pela pura paixão por carros, sabe que no passado as categorias e nichos mais restritos eram bem mais simplificados em termos de nomenclatura. Mais fácil ainda eram as divisões de segmentos nos anos ´1970 e ´80, apenas com sedãs, hatches, peruas e picapes separados em veículos de luxo ou modelos standard, ou seja, esses últimos, os carros “de entrada” mais simplórios em disponibilidade de equipamentos.
Os pouquíssimos opcionais que existiam, muitas vezes eram instalados nas concessionárias de carros novos e não diretamente pelo fabricante. Sistema de som, antena elétrica e ar-condicionado, são bons exemplos dessa prática. Os forros das portas eram retirados e alguns ´buracos´ eram abertos com a famosa ´serra tico-tico´ para acomodar alto-falantes e ´tweeters´. Muitas vezes a própria chapa interna do veículo era cortada para acondicionar fiações, mangueiras e caixas de som. E isso não anulava a garantia de fábrica, geralmente só de 1 ano para o sistema mecânico e contra a ferrugem. Sim: os carros enferrujavam! Faróis ´de milha´ também eram itens procuradíssimos para auxiliar os precários grupos ópticos frontais com suas lâmpadas de frágeis filamentos.
De uns anos pra cá, até mesmo os especialistas em jornalismo automotivo confundem-se com tantas classificações, divisões, subdivisões e extensões esdrúxulas que o valham! São tantos os tipos de carros modernos que, arrisco dizer, nem o mais antenado ´gerente de seminovos´ do mundo conseguirá dominar todos os portfólios das marcas que comercializam seus veículos no Brasil.
Na Europa foi criada uma ´cartilha´ que classifica e destrincha todos os segmentos de automóveis existentes até agora. São eles: segmento A (citadinos), compostos por carros com até 3,5 m de comprimento e que se destinem à utilização urbana; segmento B (utilitários com 3,6 até 3,9 m de comprimento), segmento C (compactos familiares, com 4 à 4,3 m); segmento D (familiares médios e executivos médios, cuja qualificação já não está ligada ao tamanho, mas ao preço mais alto); segmento E (executivos grandes & familiares grandes, com comprimento superior a 4,7 m) e, por fim, o segmento F, composto por automóveis mais exclusivos e de alto luxo.
Depois dessa salada misturada, imagine como fica a situação com os adendos do mercado especificamente brasileiro, com cada tipo subdividido em ´médios, grandes, compactos, subcompactos, intermediários, “+”´, dentre outros bichos extraterrestres! E agora, com a chegada dos carros eletrificados a coisa está ficando mais bizarra, pois inclui os 100% elétricos, híbridos-leves, híbridos-plug in, micro-híbridos… e por aí vai.
Quase esqueci de citar os níveis de automação dos carros na atualidade. São seis, que se estendem do ´nível 0´ até o 5, partindo da câmera auxiliar de marcha a ré, passando pelo piloto automático adaptativo, pela possibilidade de tirar as mãos no volante ou não mais interagir com os comandos, até os autônomos totais que não têm volante ou pedais de controle de freio ou aceleração. A questão é complicada, mas, no fundo, há nisso uma utilidade mercadológica para os fabricantes de veículos. Ao ter uma visão mais clara e recortada em fatias, eles podem medir com mais assertividade as preferências dos consumidores, enfatizando a sua produção em cima do contexto da demanda. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)