´Bombas´ elétricas: um mercado virgem para ´postos de gasolina´ tradicionais

Alguém disse e eu concordo: “Brasileiro é bicho besta, pois paga impostos absurdos sem reclamar”. O meu papo aqui é sobre carros. Não estou falando especificamente de política, mesmo tudo sendo política… O ponto fulcral dessa conversa (´fulcral´, adjetivo usado por alguém que nasceu nos anos ´1970 e viu gasolina sendo comercializada clandestinamente aos sábados em garrafas de Coca-Cola) rodeia-se no fato consumado que exibe o Brasil como um dos países com um dos maiores custos de vida do mundo. Mas, calma: o litro da gasolina em Hong Kong (China) está custando pouco mais ao equivalente a R$ 14,00, portanto, há muito o que se espremer da alma suada do brasileiro, a não ser que a classe média acorde e rebele-se. Ao se rebelar, pode transformar esse país num paraíso de baixos impostos. Mas… uma perspectiva dessas está mais para conversa mole de Odorico Paraguaçú após três doses de cachaça.

A questão é a seguinte: as vendas de carros 100% elétricos estão diminuindo em alguns mercados importantes, ao passo que, os veículos híbridos plugáveis (aqueles que precisam ser recarregados na rede elétrica) estão sendo muito procurados, inclusive no Brasil. Sejamos sinceros: a infraestrutura para recargas de veículos totalmente elétricos ainda é muito precária em todo o planeta. Quem tem um pensamento racional não se arrisca a fazer longas viagens a bordo de um carro totalmente elétrico. Eles são um sucesso em trajetos urbanos, até porque, ao contrário dos veículos a combustão, os elétricos são mais econômicos em ciclos citadinos do que na estrada.

Na tentativa de viabilizar esse tipo de mobilidade, parcerias estão surgindo e disponibilizando novos pontos de recarga. A mais recente delas ocorre entre a Mercedes-Benz e a (também famosa) cafeteria Starbucks. A marca alemã está instalando um ´corredor´ elétrico com totens em lojas da Starbucks numa movimentada rodovia que liga o México ao Canadá. Se alguém estaciona pra tomar um cafezinho…, aproveita para recarregar (mesmo que parcialmente) a bateria da máquina moderna de quatro rodas. Os diretores da marca alemã pretendem estar presentes em – pelo menos – 25 Estados dos EUA até 2030 e, para isso, já investiram mais de US$ 1 bilhão até agora por lá. É uma espécie de ´vai ou racha´ no universo dos elétricos. Isso pode funcionar e agradar, também, à turma mais racional que tem optado pelos híbridos plugáveis.

Por aqui, a coisa é bem parecida: brasileiros não se incomodam em pagar – no mínimo – R$ 4,00 por kW/hora nas paradas para a recarga. A visão é clara: o mercado (para híbridos plug-in ou veículos 100% elétricos) só tende a crescer globalmente. Não entendo, portanto, como ´bandeiras´ tradicionais como a Shell, Petrobras, Ipiranga, dentre outras, estão demorando tanto para oferecer ´bombas´ elétricas paralelamente aos ´bicos fósseis´. O mercado está inexplorado e, desde sempre o brasileiro paga altos impostos sem reclamar, por isso, quem for pioneiro, escutará o belo tilintar das moedas caindo na conta, mesmo que as tarifas sejam absurdamente caras. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)