A virada de 1999 para o enigmático ano ´2000´, ao contrário das tantas previsões fantasiosas, não gerou nada de incomum. O temido Armagedom não ocorreu, o preocupante ´bug do milênio´ não gerou ocorrências significativas nos sistemas computacionais e quase ninguém ficou sabendo que a linda mineira Daniele Moraes foi eleita a Miss Brasil 2000. No segmento de automóveis foi a mesma coisa: nenhuma grande novidade. Mas acho que o ano 2000 tem a sua importância, pois ele se tornou um marco referencial que nos faz verificar com maior assertividade aquilo que veio antes e depois daquela data, em termos automotivos. Relembrando com perfeição de muitos carros que eu adorava nos anos ´1980 e observando o padrão tecnológico atual das máquinas, aí sim, percebo que os últimos 22 anos foram espetacularmente frutíferos nesse ramo. As caixas de câmbio automáticas evoluíram, as antigas suspensões de ferro e borracha tiveram um salto quântico, os motores a combustão ficaram mais eficazes e menos poluentes e os esquemas de segurança ativa e passiva são extraordinariamente eficazes e já figuram como responsáveis na diminuição de acidentes. As duas últimas décadas, portanto, provavelmente foram mais profícuas e criativas do que todos os anos desde a invenção do francês Nicolas-Joseph Cugnot, homem que construiu o primeiro veículo terrestre autopropulsionado, ou seja, com uma ´força´ geradora de movimento produzida a bordo. Isso foi em 1769, bem antes do surgimento do famoso ´Benz Patent-Motorwagen´.
Nesse momento, as principais tendências automotivas são as seguintes: direção autônoma, veículo conectado, propulsão elétrica e mobilidade compartilhada. A importância não se dá exatamente nessa ordem, até por que – apesar da ascensão dos carros elétricos atualmente – existe o desenvolvimento dos combustíveis sintéticos líquidos e não-fósseis e também as dúvidas sobre o potencial que as jazidas de lítio terão ou não para atender a demanda de tantos veículos elétricos a bateria. Uma novidade extremamente recente e que, possivelmente vai conseguir melhorar as questões técnicas dos veículos autônomos é a ´mobilidade tátil´. Trata-se de um aperfeiçoamento das ´sensibilidades´ que os veículos ´inteligentes´ já conseguem ter em relação à pista, sinalização e aos outros veículos. Essa solução baseada somente em softwares já está conseguindo gerar dados táteis (como mapas digitais reais de estradas com suas imperfeições, inclinações, tipos de asfaltos etc.) que farão com que os veículos ´sintam´ o solo com quase a mesma exatidão que um motorista humano. São passos incipientes, mas importantíssimos na evolução dos automóveis. No frigir dos ovos, ´mobilidade tátil´ é o aperfeiçoamento de todos os sensores que trabalham em conjunto. Carros se comunicando com carros e carros se comunicando com tudo, com placas, semáforos, satélites e centrais de trânsito, num contexto que busca mais conforto, segurança e menos stress por congestionamentos e colisões. A ´mobilidade tátil´ vai conseguir integrar, como nunca, empresas de tecnologia aos fabricantes de automóveis. E você desfrutará disso! (Foto: divulgação Audi / Instagram: @acelerandoporai.com.br)