No ´olho do furacão´ da sensacional Fenatran 2022, eu não poderia escolher outro tema para a nossa coluna especial dessa semana, senão os caminhões. Minha memória afetiva com esse tipo de veículo remonta ao final dos anos ´1970 quando eu assistia – verdadeiramente assustado e encantado ao mesmo tempo – o vai e vem frenético dos caminhões FNM (os famonos ´FêNêMê´, da Fábrica Nacional de Motores) transportando sacos de açúcar.
Naquela época, esse alimento era exportado em fardos de 50 kg e o transporte dava-se por trens e, majoritariamente, por caminhões que traziam o produto do interior alagoano até o porto de Maceió, até hoje encravado entre os bairros de Jaraguá e Pajuçara. Os ´cavalinhos´ da FNM, geralmente destroçados pela ferrugem e por precárias manutenções, mais se pareciam monstros de desenhos animados cuspindo fumaça cinzenta, fazendo muito barulho e ocupando toda a paisagem pelo seu magnífico porte e design inusitados. Como se diz na gíria, “o sistema era – realmente – bruto” naquela época. Motoristas de FNM´s tinham que ter, literalmente, braços fortes para domar aquela geringonça potente. Os próprios, muitas vezes, também ajudavam no carregamento e descarregamento manual entre as fazendas, a carroceria do caminhão, o cais do porto e, por fim, os porões do navio. Um dia de trabalho a bordo de um caminhão daqueles, sem dúvida demandava uma energia colossal de seres humanos, de fato, muito fortes.
O choque absoluto que tive ao cobrir jornalisticamente a Fenatran 2022 no início dessa semana em São Paulo, separa de uma maneira gigantesca essas minhas lembranças lúdicas com um universo incrivelmente tecnológico e, por isso, sensacional dos atuais caminhões. As silenciosas cabines se equiparam (ou suplantam!) os interiores dos mais requintados carros de passeio. Os sistemas de frenagem (antibloqueio/ABS e de parada autônoma) já estão alguns níveis acima dos veículos de pequeno porte. Painéis digitais, câmeras que substituem retrovisores, volantes multifuncionais, câmbios automáticos, propulsão a gás (ou 100% elétrica), rodas de liga leve, eixos elétricos, implementos com lonas que cobrem a carga ao toque de um botão no painel, sistemas de rastreamento e gestão de frotas, manutenções programadas, baixos níveis de emissões de gases poluentes, sistemas de áudio e vídeo, beliches confortáveis, ar-condicionado perfeito e até ´sanitários´ a bordo, para privilegiar especialmente ao público feminino que também atua ao volante dos imensos caminhões, são apenas alguns exemplos dentre tantos outros que me encantam de verdade nesse segmento automotivo. E não dá para deixar de ressaltar a importância dos caminhões na economia brasileira. Sem eles, o transporte de mercadorias e toda uma consequente logística social direta e dependente das estradas, simplesmente para. Além dos carismáticos FNM´s, me lembro com exatidão de dois outros ´personagens´ das estradas nacionais: o Scania 111S (famoso ´Jacaré´) e o Mercedes-Benz 1113 (11 toneladas de capacidade de carga e 130 cv de força). Ambos também atuaram em Alagoas e, muitas vezes, deixaram rastros cheirosos do melaço da cana de açúcar que escorria dos seus primitivos tanques, transformando o asfalto numa superfície perigosamente escorregadia. Bom demais poder sentir e comparar esses momentos saudosos de um passado já distante, com a atualidade tecnológica que segue elevando os caminhões a um patamar de segurança e conforto antes inimagináveis! É a doçura do açúcar com o tempero do aditivo Arla 32 a proporcionar incríveis perspectivas… (Fotos: Google free royalties / Divulgação: Mercedes-Benz / Instagram: @acelerandoporai.com.br)