Antes de qualquer coisa, trago aqui a definição da palavra ´computador´: “máquina destinada ao processamento de dados, capaz de obedecer a instruções que visam produzir certas transformações nesses dados para alcançar um fim determinado”. Pois bem, os pequenos e limitados ´computadores de bordo´ foram, no mercado automotivo brasileiro, a primeira expressão que exibiu a chegada da tecnologia informatizada aos veículos. Eles começaram a auxiliar as já conhecidas ´luzes-espia´, entregando ao motorista do carro alguns dados extras, como a média do consumo de combustível, o tempo e a distância percorridos desde a última partida e só. Depois a coisa foi evoluindo com adições de parâmetros e medições referentes ao funcionamento da máquina. Os painéis de alguns carros da Fiat, por exemplo, exibem ´horímetros´ e até a visualização da ´Força G´ em todo o deslocamento. Carros da Renault e da Ford (com câmbio manual) geralmente costumam trazer uma seta indicadora que sugere o melhor momento de troca de marchas para se alcançar o máximo nível de economia de combustível.
Hoje em dia os avanços nesse aspecto alcançaram um nível enorme de sofisticação, já que as novas ´arquiteturas eletrônicas´ distribuem tentáculos digitais por todo o veículo. São sensores, radares, câmeras e diversos pontos mecânicos monitorados por uma espécie de ´inteligência digital limitada´. Em breve, a inteligência artificial avançada eliminará, ainda mais, a atuação humana nas máquinas. Portanto, o veículo inteiro hoje em dia é um computador de bordo de grande proporção e – também – um prato cheio para hackers desocupados brincarem maldosamente à distância e para ladrões subtraírem (sem a menor brincadeira…) o patrimônio alheio. E um dos pontos mais vulneráveis para essa possibilidade de roubo ou furto, principalmente, é a ausência da tradicional chave metálica que é introduzida numa fenda na coluna de direção para dar partida ao motor. As chamadas ´chaves presenciais´ são, obviamente, mais práticas e charmosas, mas deixam vulneráveis o sistema de imobilização do motor. Inclusive, alguns carros fabricados a partir de 2010, nem possuem esse sistema. As marcas irmãs Kia e Hyundai, por exemplo, estão passando por um grave problema nesse aspecto, já que cerca de 8 milhões de unidades dessas empresas, fabricadas entre 2010 e o início da década de ´2020, são facilmente acessadas e furtadas por ladrões por causa do seu sistema tecnológico muito exposto. A situação chamou a atenção do poderoso órgão norte-americano NHTSA (Administração Nacional de Tráfego e Segurança Rodoviária), que ainda não exigiu recall desses veículos porque reconhece a postura preocupada e responsável da Kia e da Hyundai em tentar solucionar a questão com atualizações extras de software. Do outro lado, milhares de vídeos nas redes sociais mostram – e ensinam – o passo a passo para se furtar carros via acesso digital indefeso. E não há muito o que fazer para conter esse tipo de arruaça moderna que está causando prejuízos de milhões de dólares, inclusive com companhias de seguro se recusando a realizar apólices de alguns modelos mais visados pelos marginais. Três medidas totalmente analógicas podem ajudar na proteção contra o roubo do seu carro moderninho: se o seu veículo tiver ´chave canivete´, torne um hábito travar as portas duas ou três vezes enquanto você se afasta do carro, pois alguém pode estar por perto com outro controle, bloqueando a sua ação. Ao invés de estacionar o carro na rua, prefira os estacionamentos pagos e fechados com cancelas ou portões. E por fim, volte a utilizar a velha trava de volante, que é uma haste metálica com chave que fica presa ao pedal do freio e ao volante do carro. São medidas simples, mas que dificultam a ação do meliante, que – sempre – escolherá o caminho mais fácil… (Fotomontagem: Agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)