O dia 9 de outubro sempre me faz lembrar de John Lennon e do seu Rolls-Royce psicodélico, todo colorido e com predominância da cor amarela. Famosíssimo pelo seu talento criativo nos ´Beatles´, banda de rock de maior relevância de todos os tempos (1960-1970), Lennon nasceu em 9 de outubro de 1940, portanto, estaria completando 82 anos neste domingo, caso não tivesse sido brutalmente assassinado em 8 de dezembro de 1980 por um canalha que continua preso até hoje, graças à eficiência das leis norte-americanas.
No auge do sucesso do quarteto formado por ele, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star, decidiu dar de presente a si mesmo um Rolls-Royce. O modelo escolhido foi um Phantom V originalmente pintado em branco. O veículo de quase 6 metros de comprimento e três toneladas foi entregue em 3 de junho de 1965 e logo emplacado com a matrícula ´FJB111C´. No final deste mesmo ano, o gigante inglês já tinha recebido algumas modificações: os assentos traseiros podiam ser convertidos numa cama de casal, havia um telefone-rádio Sterno, uma televisão Sony, geladeira portátil e também um toca-discos ´flutuante´.
Não satisfeito com o aspecto externo ´careta´ do luxuoso carro, em 1966, enquanto Lennon filmava ´How I Won the War´ (´Como eu venci a guerra´, filme de guerra e comédia), o carrão foi todo pintado em ´Black Valentine´, um preto vivo, mas tendendo para o fosco. Piorou a situação… O astro da música inglesa também não gostou do resultado e aí partiu para uma solução que muito traduziu as cores da sua alma.
John encomendou ao fabricante de carrocerias J.P. Fallon, em Londres (Inglaterra) uma nova – e exclusiva – pintura que deveria simbolizar o nome que o carro teria a partir daquele instante: Summer of Love (Verão do Amor). Diante de tal encomenda, conta-se que a J.P. Fallon terceirizou o trabalho contratando o artista cigano Steve Weaver, que cobrou apenas 290 Libras Esterlinas pelo trabalho. Calcula-se que esse valor equivale a modestos R$ 35.000 em dias atuais. Certamente conhecedor dos gostos do excêntrico integrante dos Beatles, Weaver manteve a cor amarela como base e deixou fluir a sua arte desenhando vários pergaminhos e flores com detalhes em azul, vermelho, amarelo, verde, branco e rosa.
O resultado foi uma explosão magnífica de vida e brilho, modificando absolutamente o contexto requintado e formal de um legítimo Rolls-Royce. O teto ostenta o símbolo zodíaco de Libra, signo do cantor. Diz-se que Lennon derreteu-se em sorrisos de admiração pela pintura, agora totalmente ao seu gosto e que transformara um automóvel clássico numa obra de arte sobre quatro rodas. A partir dali aquele seria o Rolls-Royce mais conhecido, fotografado e desejado de todos os tempos.
Com o fim oficial dos Beatles em 1970, John mudou-se para New York (EUA) para viver com sua esposa Yoko Ono e o carro também foi junto. Depois disso, o músico o doou para o ´Cooper-Hewitt Museum´. Posteriormente, o multicolorido veículo britânico foi leiloado pela casa Sothebys´s. O bilionário canadense Jim Pattison pagou quase US$ 2,3 milhões pelo carro e após um tempo, doou a máquina ao governo canadense. As últimas informações apontam que o exclusivo Rolls-Royce de John Lennon encontra-se em permanente exposição no Museu de Columbia, no Canadá. (Fotos: Columbia Museum / Google free royalties / Instagram: @acelerandoporai.com.br)