Agora no finalzinho de dezembro durante uma entrevista, Akio Toyoda, atual presidente e diretor executivo da Toyota Motor Corporation, empresa fundada por seu avô – Kiichiro Toyoda – fez algumas declarações consideradas polêmicas pelo segmento automotivo atual, tão animado pelo crescimento das vendas dos veículos elétricos. Toyoda disse que entende que o mercado dos EVs está aquecido, mas acha um exagero quando vê algumas marcas e diversos profissionais do ramo “apostando todas as fichas” nos elétricos. O comandante da gigante Toyota, evidentemente, sabe da necessidade de se diminuir níveis de emissões de gases gerados por veículos com motores a combustíveis de origem fóssil (derivados de petróleo), no entanto, com absoluta certeza, ele também está totalmente ciente de que essa nova aparição dos elétricos no mercado (que já surgiram e fracassaram duas vezes num passado não tão distante) tem diversos “calcanhares de Aquiles”, ou seja, para ser totalmente viabilizada, a ideia precisa superar alguns obstáculos bem evidentes.
No caso do Brasil, o primeiro deles é a quase total falta de infraestrutura para atender a esse tipo de automóvel, já que praticamente não há postos de recarga e, além disso, hotéis, shoppings centers e 99% das edificações (mesmo as mais modernas) não oferecem pontos de recarga para as baterias dos veículos elétricos. Ainda sobre o nosso país, outro ponto contrário aos elétricos é a dimensão continental, que inviabiliza os percursos de estrada. O Canadá (também gigante em área geográfica) já está resolvendo essa questão, só que, ao contrário do Brasil, é um país extremamente organizado, com baixíssimo nível de corrupção e abundantemente rico a ponto de subsidiar pontos de realimentação de baterias e até a própria recarga em alguns locais. Akio Toyoda sabe o que diz e é competente no que faz, já que mantém a Toyota como líder global em vendas, com folga. Sua marca possui modelos híbridos e até 100% elétricos, mas o ´radar´ do executivo abrange níveis mais avançados do espectro desse assunto moderninho chamado ´eletromobilidade´. Existe a questão da extração do lítio (fundamental para as baterias), a limitação de autonomia, tempo de recarga, origem da energia para se recarregar os carros, descarte das baterias no fim de sua vida útil, etc..
Em recente promoção dos seus esportivos elétricos ´de última geração´, a norte-americana Tesla, por exemplo, estava oferecendo recarga gratuita dos seus carros numa localidade em Portugal, mas a energia vinha de geradores com enormes motores que queimavam óleo diesel! Faz sentido uma coisa dessas? Até que as frotas navais, aéreas e terrestres (militares e civis) a combustão sejam completamente substituídas por propulsores 100% elétricos, muita água vai rolar por debaixo da ponte. Akio Toyoda talvez seja o profeta que visualiza o fracasso – ou pelo menos o sucesso limitado – dos veículos elétricos pela terceira vez na história. Será tendência forte mesmo ou apenas uma ´modinha´, como ele também falou? (Fotos: divulgação Toyota / Instagram: @acelerandoporai.com.br)