Em 2014 a Mercedes-Benz apresentou oficialmente o seu impactante ´Mercedes-AMG GT´. A intenção maior desse projeto era competir de igual para igual com o lendário Porsche 911. Na ocasião, o cupê esportivo de duas portas foi ofertado com motor V8 e com duas variáveis de força: 462 hp de potência e 61,1 kgf.m de torque e 510 hp/66,2 kgf.m. Ambos, espetacularmente fortes e muito equilibrados.
A convite da marca germânica, dentro da programação de um divertidíssimo “AMG-Day”, tive o prazer de guiar a versão mais forte num autódromo homologado pela FIA, mas com algumas restrições de condução para poupar o caríssimo veículo de algum problema. Mesmo assim, foi possível entender naquele momento (pela segunda vez, no meu caso) que aquele carro tinha muito mais a me oferecer do que eu conseguiria extrair dele. A primeira sensação exatamente igual, tive justamente ao volante de um quase indomável Porsche 911 Turbo com câmbio manual.
Muito provavelmente, a nova onda dos carros elétricos deverá ser irreversível. O único fator capaz de impedir isso é o sucesso dos combustíveis sintéticos. Há algumas décadas os automóveis elétricos não foram adiante, pois a força e a abundância do petróleo eram tão absurdamente influentes, que não houve espaço para a inovação, sem falar da inexistente preocupação com a qualidade do ar oriunda das emissões de gases poluentes vindos dos motores tradicionais a combustão.
Nesse instante, em 2022, em vários lugares do mundo ainda há muito petróleo à disposição, inclusive adormecidos em enormes jazidas virgens. Veículos elétricos são extremamente silenciosos, a ponto de alguns fabricantes criarem sons artificiais que servem como alertas para pedestres sobre a presença de um nas proximidades.
Já guiei motos e carros elétricos e, confesso: mesmo com um torque colossal disponível imediatamente, detalhe que pode até seduzir muita gente, o contexto geral não me agrada. Sinto falta de ruídos, vibrações, barulhinhos quase inaudíveis que me trazem emoções. Gosto mesmo é do gargarejo de um bom motor V8!
Conforme falei no início, um dos que mais me impressionou até hoje foi o do AMG-GT S. Reproduzo um trechinho do meu texto à época: “O motor do Mercedes-AMG GT S não ronca como o de um esportivo comum: ele tilinta trazendo as válvulas aos seus ouvidos, resfolega a poeira histórica da Mercedes até o seu nariz e faz você sorrir à toa como se suspirasse de paixão…”
Aquele maravilhoso carro tem alma e voz, diverte e seduz como poucas máquinas que já vi por aí. O tempo dirá, enfim, se a mágica dos magníficos roncos a explosão serão apenas uma lembrança a ser conferida em redes sociais ou se irão se readaptar aos novos tempos… (Fotos: divulgação Mercedes-AMG / Instagram: @acelerandoporai.com.br)