A sigla ADAC significa ´Allgemeiner Deutscher Automobil-Club´ (Clube do Automóvel Alemão Geral, em tradução livre). Conheci essa imponente instituição numa incrível viagem que fiz a Berlim (Alemanha) há uns anos a convite da Volkswagen para testar o lendário Golf GTi, inclusive, nas famosas ´Autobahn´s´, pistas sensacionais que, em determinados trechos e também dependendo das condições climáticas, não estipulam limite de velocidade.
Além de acelerar o vigoroso hatch em várias condições de trânsito normal, tive a magnífica experiência de testar alguns limites desse carro num dos centros da ADAC, já que eles não poderiam ser feitos numa via comum, por razões óbvias… Ali foi oferecida uma aula teórica que mostrava como seriam esses testes (derrapagens em pista seca e molhada, circuito de cones, frenagem até parada total etc..), quais seriam os padrões observados e exigidos do motorista, parâmetros de segurança e muito mais. Um dos obstáculos mais marcantes da ADAC é uma pista com uma parte móvel que impõe uma radical derrapagem de traseira e que, geralmente, faz o carro rodar caso o condutor não consiga contornar a situação, mantendo a trajetória segura.
Enfim, a ADAC, que hoje continua como o maior clube de automóvel do mundo (com mais de 15 milhões de membros) tornou-se importantíssima para o trânsito alemão. Eles realizam testes variados em veículos, atuam em resgates pós-colisões, sugerem rotas mais seguras, realizam consertos mecânicos, fornecem guinchos, traçam diretrizes sobre sinalizações e diversos outros temas, tudo em parceria com o sistema rodoviário federal. O ´mundo´ ADAC tornou-se, de fato, indispensável para a prevenção de acidentes automotivos e colaboração para um convívio mais tranquilo entre as pessoas no trânsito naquele país. Esse universo de quase perfeição e que está ativo desde 1903 é um contraste absurdo não somente aos baixíssimos padrões brasileiros de iniciação prática de uma pessoa ao volante de um veículo automotor, mas também às avaliações teóricas de alguém que pretende acionar a ignição e pegar a pista.
Desde às aulinhas na auto-escola até os testes medíocres para se conseguir a CNH (carteira nacional de habilitação) no Brasil, as diferenças são gritantes. E isso é triste, no sentido de que o nosso país é um dos campeões mundiais em acidentes com vítimas fatais e também forte gerador de pessoas com sequelas gravíssimas para o resto das suas vidas. Um dos maiores problemas do motorista brasileiro é a sua baixa capacidade de avaliação espacial. Por exemplo: se um caminhão de lixo parar e ocupar a metade de uma via para executar a sua tarefa de coleta – deixando mais de 50% dessa mesma via desimpedida –, o fluxo do trânsito congestiona pelo simples fato de a maioria das pessoas diminuir a velocidade quase a zero, pelo receio de passar naquele espaço reduzido… A ADAC é a ´bíblia´ do trânsito e vale a pena ser conhecida. (Fotos: ADAC / Google free royalties / Instagram: @acelerandoporai.com.br)