Desde 2010

buru-rodas

Plano de incentivos fiscais ficou bem abaixo das expectativas

Os números de vendas em junho último e ao final do primeiro semestre (ler abaixo as estatísticas) demonstram que só vontade de acertar não é suficiente para dar um suporte crível ao mercado de veículos. Para começar, houve uma falha de comunicação ao se insinuar a volta do “carro popular”. Comentei anteriormente que esse tipo de veículo não tinha a menor chance de ser recriado em razão de inexistirem as condições técnicas e de mercado dos anos ´1990. Apesar de o programa federal reservar os maiores descontos aos subcompactos por sua economia de combustível, os melhores resultados ficaram com as picapes pequenas (+ 53%) e os hatches compactos (+ 20%). Subcompactos e SUVs compactos subiram apenas 5% e 11%, respectivamente. O programa criado por Medida Provisória (MP) incluiu automóveis e comerciais leves, além de caminhões e ônibus. Dessa forma dois terços dos incentivos ficaram para segunda categoria cujos preços são muito maiores. Depois houve um reforço para a primeira categoria e ainda assim em apenas 30 dias os recursos para os estímulos se esgotaram. Em razão da natural demora no estudo da MP houve grande retração nas vendas e acúmulo de estoques nos pátios dos fabricantes, o que obrigou a paralisação de várias linhas de montagem. A lição que fica: é contraproducente anunciar um programa de duração tão curta, embora necessário. Afinal, com a taxação sobre veículos leves mais severa do mundo qualquer alívio compensa, porém, por apenas um mês, perturba mais do que ajuda. O Governo Federal já descartou outra revisão, mantendo apenas os incentivos para veículos pesados que devem durar – no máximo – mais três meses e sem nenhum reforço. Neste mês de julho ainda haverá bons números a registrar porque cerca de 79.000 unidades vendidas deixaram de ser emplacadas em junho pelo acúmulo de serviços nos Detrans. Mas tanto a Anfavea quanto a Fenabrave mantiveram as modestas previsões de crescimento em 2023 (entre 2% e zero, respectivamente, anunciadas em janeiro deste ano). Agora as expectativas se voltam ao início de redução cadenciada da taxa básica de juros pelo Banco Central, em agosto. Haverá mais três reuniões até o fim do ano. O mercado de veículos continua altamente sensível aos custos dos financiamentos. No entanto, o máximo que se pode desejar hoje é um feliz 2024.

:::::

Vencedores em 16 categorias no primeiro semestre do ano >> Com as vendas de junho impulsionadas pelo curto programa de incentivos fiscais do Governo Federal houve reflexos no acumulado do primeiro semestre. O crescimento foi de 10% de veículos leves e pesados em relação ao mesmo período de 2022. A normalização na produção levou o Onix de volta à liderança entre os hatches compactos, mas o melhor desempenho foi do Polo que em apenas um ano passou de 1% para 19% no segmento graças à versão de entrada Track, deslocando o HB20 da segunda para a terceira colocação. O Corolla chegou a uma participação recorde no histórico de classificação desta coluna desde o seu início em 1999: 81% entre 12 concorrentes. Mas também se destacaram os BMW Série 3/4 com 71% de nove concorrentes. A chegada da picape Montana afetou a ex-recordista de participação entre todos os segmentos: Strada já alcançou quase 80%, porém enfrentou um mergulho para “apenas” 57%, embora ainda lidere com folga. Houve mais três vencedores no primeiro semestre deste ano frente ao resultado de 2022. Panamera superou o Taycan (numa “briga” em família entre os sedãs grandes da marca Porsche); Cayenne deixou para trás os BMW X5/X6; Tracker caiu para o terceiro lugar, entregando a liderança para o T-Cross que penou para superar o Creta: 13,5% de participação contra 13% do rival sul-coreano.

Criei agora mais duas categorias para acompanhar a evolução das novas tecnologias: híbridos e elétricos. Estas representam apenas 5,6% e 0,6%, respectivamente, das vendas totais de modelos leves. Corolla Cross e XC40, respectivamente, lideraram no primeiro semestre do ano. O ranking da nossa coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre-eixos, além de outros parâmetros. Sedãs de topo (baixo volume) e monovolumes (oferta reduzida) ficam de fora. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de dois) e de maior importância dentro do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK.

Hatch subcompacto:      Mobi (53%); Kwid (46%). Kwid avançou.

Hatch compacto:             Onix (22%); Polo (19%); HB20/X (17%); Argo (16%); Yaris (5,9%); 208 (5,8%); C3 (5,7%); City (3%); Sandero/Stepway (2%). Volta a liderar o Onix.

Sedã compacto:               Onix Plus (38%); Cronos (20%); HB20S (10,5%); Virtus (10,3%); City (7%); Yaris (6%); Versa (4%); Logan (1%). Ampliada a vantagem do líder.

Sedã médio-compacto: Corolla (81%); Sentra (8%); Jetta (3%). Corolla avançou ainda mais.

Sedã médio-grande:      BMW Série 3/4 (74%); Mercedes Classe C (8%); Audi A5/S5/RS5 (7%). Líder incontestável.

Sedã grande:                     Panamera (39%); Taycan (32%); Han (12%). Panamera de volta à liderança.

Esportivo:                           Mustang (50%); BMW M3/M4 (40%); Challenger (5%). Mustang manteve posição.

Esporte:                               911 (57%); 718 Boxster/Cayman (20%); F-Type (6%). Inabalável o 911.

SUV compacto:                 T-Cross (13,5%); Creta (13%); Tracker (12%); Renegade (9,4%); Kicks (9,3%); Pulse (9,1%); Nivus (8,8%); HR-V (8,7%); Fastback (7%); Duster (5%); Tiggo 5x (2%). Briga intensa pela liderança.

SUV médio-compacto:  Compass (46%); Corolla Cross (32%); Taos (10%). Compass firme.

SUV médio-grande:        Commander (29%), SW4 (19%); Tiggo 8 (10%). Líder com folga menor.

SUV grande:                      Cayenne (23%); BMW X5/X6 (14%); XC90 (13%). Cayennne recupera liderança.

Picape pequena:             Strada (57%); Saveiro (21%); Montana (16%). Strada, líder, encolhe um pouco.

Picape média (carga 1.000 kg): Toro (30%); Hilux (25%); S10 (16%). Liderança mantida da Toro.

Híbridos:                             Corolla Cross (19%); Corolla (12%); Tiggo 5x (8%).

Elétricos:                             XC40 (28%); Yuan Plus (13%); C40 (9%). (Os artigos, matérias, ensaios ou qualquer outro tipo de expressão intelectual assinados por colaboradores desse veículo midiático, assim como a veiculação de imagens ligadas ao conteúdo do seu texto, enviada(s) pelo colaborador para ilustrar o seu trabalho, são de inteira responsabilidade dos seus autores. A editoria geral desse veículo, necessariamente, não concorda com todas as opiniões aqui expressas. O conteúdo completo (texto e imagem) desta coluna tem autoria e responsabilidade legal de Fernando Calmon).