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100P: o impactante projeto aéreo de Ettore Bugatti

Ettore Bugatti foi um gênio automotivo que construiu o que hoje seriam chamados de supercarros. Em 1937 ele se dedicou a projetar e fazer outra máquina extraordinária, uma aeronave radicalmente diferente de tudo o que existia ao tempo, com asas enflechadas para a frente (enflechamento negativo), empenagem em “V” e hélices duplas contrarrotantes impulsionadas por dois motores Bugatti de oito cilindros em linha. Ele queria que a aeronave, assim como seus automóveis, fosse a melhor de todas e conseguisse voar mais veloz do que o temível Messerschmitt Me 209. Chamou o famoso engenheiro aeronáutico Louis D. de Monge para ajudá-lo no projeto e fizeram o primeiro protótipo com um só motor ´oito-em-linha´ de 450 hp, mas perceberam que isso não seria suficiente, pois queriam o recorde mundial de velocidade e partiram para o uso de dois motores Type 50. Deram ao resultado o nome de 100P.

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Os dois motores ficavam atrás do cockpit, cada um acionando uma hélice. O arranjo era complexo, com o motor dianteiro inclinado à direita e o traseiro inclinado à esquerda. O motor dianteiro juntava-se a um eixo motor na parede de fogo, eixo este que passava junto ao cotovelo direito do piloto. O motor traseiro inclinava-se à esquerda, num arranjo similar ao primeiro. Logo à frente dos pés do piloto, os dois eixos se juntavam numa caixa de transmissão e se conectavam às duas hélices contrarrotantes.

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O protótipo do 100P foi construído no segundo andar de uma fábrica de móveis. A Segunda Guerra Mundial começou antes de a aeronave ficar pronta. Bugatti teve de fugir de Paris e levou o protótipo com ele. Com a chegada das tropas alemãs, o avião foi levado para um barracão onde ficou por mais de 30 anos. Bugatti faleceu em 1946, um ano após o término das hostilidades. O protótipo inacabado foi enviado aos Estados Unidos, onde seus motores foram retirados, vendidos e várias vezes revendidos a colecionadores e colocados em carros Bugatti. Hoje, sem motores, está num museu aeronáutico em Oshkosh, Wisconsin, e um grupo de entusiastas está recriando o seu sonho aeronáutico. Como a casca restaurada do 100P é rara e frágil demais para um voo, os entusiastas resolveram recriar a aeronave do zero. Com pouquíssimos planos em mãos e usando principalmente doações, o grupo do 100P teve de criar peça a peça da aeronave, trabalhando milhares de horas em sua reconstrução.

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Utilizando técnicas de fibra de vidro e outros materiais inexistentes na década de trinta, a nova casca tem o tamanho, a potência e a forma da original. Os engenheiros do grupo acham que a dinâmica e as características de voo devem ser corretas. O projeto, chamado de Reve Bleu (sonho azul) por seus construtores, está passando por testes de rolagem e de motores em Tulsa, no Estado de Oklahoma. Se tudo der certo, a réplica do 100P estará no ar ainda este ano. Será a concretização de um belo sonho do genial Ettore Bugatti. (Fotos: divulgação)