Preferido pelos mais abastados da época, assim como, destinado a governantes e executivos de alto escalão, o Ford Galaxie – ao menos no Brasil – representou o máximo do luxo e requinte que um automóvel nacional pôde oferecer.
O exuberante astro da Ford >> Verdadeiro ´tapete voador´, ele proporcionava a sensação de quase flutuar sobre rodas, além disso, o silêncio era a sua principal característica. O gigantesco sedã, mesmo dividindo o território com os luxuosos Opala, Dodge Dart e Alfa Romeo 2300, impunha-se com sua majestosa presença. O Ford Galaxie fazia qualquer leigo ou desapaixonado pelo tema automotivo, torcer o pescoço para reverenciá-lo.
Aniversário >> Se o impactante veículo estivesse em linha até hoje, completaria neste 16 de fevereiro, exatamente 50 anos de carreira. A primeira unidade foi fabricada pela Ford em 1967.
Batizado apenas de ´Galaxie´, por influência das ´500 Milhas de Indianápolis´, aonde foi ´carro-madrinha´ em diversas corridas, o modelo posteriormente ficou conhecido como ´Galaxie 500´ aqui no país. A primeira fornada não trazia, sequer, retrovisor externo do lado do motorista.
Evolução >> Em 1968 o super sedã continuou idêntico, apenas oferecendo alguns opcionais, como por exemplo, o citado retrovisor. Em 1969 a Ford inovou lançando o Galaxie com teto coberto de vinil, ar-condicionado e câmbio automático de três marchas.
Detalhe: no Brasil esse suntuoso automóvel sempre saiu com a alavanca de marchas encravada na coluna de direção. Curiosamente, aqui no nordeste do país esse tipo de posicionamento do câmbio foi apelidado de ´Royal´.
Concorrência >> Com a chegada do Chevrolet Opala e do feroz Dodge Dart em 1969, a Ford sentiu o peso da briga e, para não perder volume de vendas, criou uma versão espartana do Galaxie, que perdia algumas peças cromadas, ganhava calotas mais simples e interior mais despojado. Mas a versão depenada não agradou ao público comprador que queria, ao invés disso, muito mais luxo.
Esse Galaxie foi apelidado de ´Teimosão´ ou ´Pé-de-Camelo´, numa referência direta às versões populares do Willys Gordini (chamado de Teimoso) e do VW Fusquinha ´Pé-de-Boi´.
Clímax e decadência >> Tentando manter o pique de vendas, mas já sofrendo bastante por causa da ´crise do petróleo´ e do altíssimo consumo desse adorável beberrão (3,5 a 5,5 km/litro!), a Ford decidiu melhorar o produto. Em 1971 nasce a versão LTD Landau, mais completa, com forros de portas e bancos com tecidos luxuosos, sistema de som e outros opcionais, como vidros verdes ou fumês de fábrica.
Em 1973 o LTD Landau continuava em alta, mas ainda mantinha os faróis verticais. Em 1976 a marca norte-americana decidiu radicalizar no design frontal do velho sedã, adicionando-lhe faróis horizontais, grade diferenciada e também seis novas lanternas traseiras. O interior era praticamente o mesmo, mas já havia opção de ar-condicionado ´embutido´, toca-fitas, bancos em veludo, etc…
Homem Santo na capota! >> Preparado especialmente para a visita do carismático Papa polonês João Paulo II, em junho de 1980, o governo brasileiro encomendou o “Papamóvel”, que trazia um interessante teto solar com alças para o líder católico desfilar.
A efusiva carreira do Galaxie como ´carro oficial´ dos primeiros escalões da classe política, findou-se no governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Após assumir em 15 de março de 1990, Collor ainda chegou a utilizar o último ´Landau da Presidência´, logo substituído por um veículo mais moderno. Essa unidade encontra-se ainda em Brasília (DF) sob a guarda de José Roberto Nasser, curador do Museu Nacional do Automóvel.
Fim do sonho… >> Com a nomenclatura única de ´Landau´ (que diferenciava-se do LTD pelo vidro traseiro de menor tamanho), agora com uma nova opção de motor movido exclusivamente a álcool, em 14 de janeiro de 1983 a Ford descontinuou a linha de produção do maior, mais charmoso e confortável veículo feito no Brasil.
O modelo que você confere nessas fotos é um bonito Galaxie 1968 do colecionador Paulo Martins que, gentilmente, nos cedeu para realizar essa matéria. Faço aqui um outro agradecimento ao médico, artesão e colecionador de veículos antigos Dr. Luiz Duarte, pelas minúcias históricas compartilhadas. (Texto: Fábio Amorim // Fotos: Ricardo Lêdo; Gazeta de Alagoas // Fotos das miniaturas: acervo pessoal do Dr.Luiz Duarte)