Um fato incontestável: os fabricantes chineses de veículos elétricos (EVs) conseguiram desenvolver produtos que são idênticos ou – na maioria das vezes – superiores em qualidade construtiva do que qualquer EV (ou híbrido) fabricado por grandes montadoras tradicionais. Marcas como BYD, GWM e Geely (esta última, proprietária da Volvo Cars e da Lotus), por exemplo, chegam e se estabelecem até com certa facilidade em qualquer mercado do mundo, concorrendo com Tesla, Ford, BMW, GM, Mercedes-Benz, VW…, dentre outras gigantes. Todo mundo já sabe disso. Mas, e o que acontecerá daqui pra frente?
O panorama do mercado de automóveis elétricos tem apresentado uma constância de comportamento intrigante: a Europa se divide entre uma boa procura por EVs na Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia) e uma queda acentuada das vendas na Alemanha (país mais rico do continente). Em toda a região há uma briga enorme, com tarifações altíssimas para importações de modelos, especialmente vindos da Ásia. Nos Estados Unidos a contraofensiva aos chineses acontece com a mesma intensidade.
As maiores marcas da China entraram nessa batalha com armas de potencial esmagador: produção de alto volume com um custo de mão de obra baixíssimo (impossível de ser batido) e, com muita probabilidade, subsídios generosos do governo chinês.
Marcas centenárias como Ford, General Motors e a também famosa Volkswagen, não conseguem se equiparar às chinesas nos custos de produção. A partir de um ponto limite de sobrevivência no mercado, cortes têm que ser feitos e aí começam os sacrifícios de demissões em massa, fechamento de fábricas, redução de rede de concessionários, além da temida diminuição nos lucros.
Outra frente dessa silenciosa guerra mundial automotiva exibe políticos vaidosos em reuniões com exigentes planilhas de clima, portanto, com metas de emissões a serem cumpridas pelos fabricantes de veículos. Esse detalhe garroteia a produção e possível continuidade dos carros tradicionais a combustão.
Esperar de braços cruzados por um possível xeque-mate, simplesmente observando os movimentos dos maiores mercados para, então, agir, pode significar imensos prejuízos de perdas de posição em vendas ou, pior, a abertura de falência.
Nos bastidores de todo esse processo, os aguerridos executivos gestores das fabricantes chinesas estão investindo pesadamente na novata “estratégia de propriedade intelectual”, já apelidada de ´PI´. Isso significa criar e patentear – em vários países – o maior número de ideias e tecnologias automotivas que servirão como ´matéria-prima do futuro´, possivelmente, para carros totalmente elétricos. Ou seja, a coisa é tão enigmática quanto aquele incrível primeiro jogo entre o genial enxadrista Garry Kasparov contra o Deep Blue, famoso computador da IBM… (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)