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Test-drive: picape Maverick híbrida consome menos que um compacto 1.0 e entrega mais conforto que a média dos SUVs

Em recente ocasião, testei a picape Ford Maverick FX4 2.0 turbo (movida somente a gasolina) e me impressionei com o vigor do propulsor de 253 cv e também com o ótimo nível de conforto para um utilitário, mas o consumo de combustível não foi nada animador durante a avaliação.

Na versão híbrida, esse quesito se transforma, certamente, no motivo que pode levar à escolha racional da compra, já que o ´trem de força´ da Maverick híbrida é excepcionalmente eficiente. Conduzindo o veículo normalmente – sem pisar leve ou seja, sem me preocupar em poupar tanto a energia elétrica quanto os 57 litros de gasolina no tanque –, consegui uma média combinada espetacular de 19,3 km/litro! Teoricamente, então, é possível obter uma autonomia de 1.100 km em ciclo de cidade. Para um veículo que tem 1.700 kg de massa, isso é um detalhe precioso em tempos de combustíveis com preços altos no Brasil.

Fabricada no México, a picape Ford Maverick híbrida é vendida por aqui ao preço sugerido de R$ 234.890, valor um pouco mais alto do que a Fiat Toro em sua versão mais cara e movida apenas a óleo diesel.

Em termos de conforto e espaço interno, a Maverick é muito superior, já que possui uma arquitetura de acabamento mais caprichada, ótima posição de dirigir (com visibilidade traseira pelos retrovisores, muito mais ampla que a da Toro) e, de fato, um habitáculo maior, mais moderno e confortável. A distância entre-eixos dessa picape da Ford é 8 cm maior que a do modelo da Fiat, o que reflete em mais espaço para as pernas dos ocupantes do assento traseiro.

Diferentemente da Ford Maverick 2.0 turbo (que tem suspensão traseira do tipo Multilink) a versão híbrida vem com eixo de torção, mas, acredito que se esse detalhe não fosse divulgado, pouquíssimas pessoas perceberiam alguma diferença no nível de conforto ao rodar.

O conjunto mecânico da Ford Maverick híbrida é composto de um motor 2.5 de 4 cilindros em linha a gasolina (ciclo Atkinson) com 164 cv e uma unidade elétrica de 128 cv. Juntos, eles entregam um total de 194 cv. Perceba que nessa equação de adição de potências, o resultado não é a soma exata. Além disso, outra diferença é que a versão 2.0 turbo oferece tração 4X4 e câmbio automático de 8 marchas. Já a híbrida tem tração apenas no eixo dianteiro e câmbio CVT.

O pacote de itens de série é bem completo com 7 airbags, painel de instrumentos que mistura elementos analógicos com digitais, tela multimídia de 8 polegadas, controlador automático de velocidade, freio a disco nas quatro rodas, assistente de frenagem de emergência e de descida, Hill Assist, dentre outros mimos eletrônicos que ajudam na segurança da condução.

Como anda? >> Adequadíssima ao uso urbano, a picape Ford Maverick híbrida chama a atenção pelo ótimo comportamento dinâmico, ajuste primoroso de suspensão, posição de dirigir excepcionalmente agradável e bom acabamento em geral.

Montada na mesma plataforma do SUV Ford Bronco, ela mais se parece com um carro de passeio do que com um utilitário, dado o silêncio a bordo e a facilidade de manobrar, apesar dos 5,07 m de comprimento de para-choque a para-choque. A aceleração de 0-100 dá-se (em média) em 8,5 segundos, contra 7,2 s da versão 2.0 turbo.

Não há grandes emoções a se acelerar esse carro, mas a proposta dele não é a esportividade e sim a funcionalidade no transporte de passageiros e carga com um padrão de consumo bem abaixo da média do segmento. No aspecto geral, o trem de força é até arisco e sempre pronto e entregar boas retomadas e arrancadas suaves, silenciosas e com um vigor muito interessante.

No geral… >> Para quem deseja um utilitário de uso puramente urbano, a Maverick híbrida pode ser uma opção extremamente atraente. Suas rodas de 18 polegadas são calçadas com pneus 225/60, o que atenua as imperfeições características do asfalto brasileiro.

A caçamba de carga comporta 938 litros de bagagem e suporta até 659 kg de carga máxima. Faltam a capota marítima, mola de sustentação da tampa do compartimento de carga e sensor sonoro de estacionamento como itens de série, mas todos podem ser adquiridos como opcionais nas concessionárias Ford. Os estribos laterais e o “Santo Antônio” também estão disponíveis como acessórios.

Quando aberto, o capô é sustentado por uma haste tradicional de ferro, mas merecia dois amortecedores para facilitar a manobra. Me incomodou um pouco a ´calibração´ e o entrosamento dos motores a combustão e elétrico no ´para e anda´ do trânsito. A cada saída têm-se a impressão de que o veículo estava travado e destravou ao se pisar no acelerador. O sistema poderia ser muito mais suave do que é.

O conjunto de áudio também deixa a desejar em qualidade, o que é uma pena, pois ampliaria o conforto em longas viagens. No frigir dos ovos… uma ótima picape que entrega mais atributos positivos do que decepções. (Fotos: divulgação Agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br).