Kwid e-Tech: subcompacto 100% elétrico da Renault me causou surpresa no test-drive

Modelo feito na China tem tabela de preço a partir de R$ 149.990, é homologado para quatro ocupantes e oferece seis airbags de série

Veículos elétricos já são uma realidade no mercado automotivo global. Isso é um fato consumado, no entanto, a consolidação dessa invenção – que é antiquíssima, ao contrário do que se pensa – ainda não aconteceu no Brasil e nem em qualquer outro lugar do mundo.

Alguns fatores ainda atrapalham a decisão de compra desse tipo de produto, tais como o preço alto do carro em relação à sua versão similar com motor a combustão, a ainda insolúvel questão da autonomia limitada, o demorado tempo de recarga do pacote de baterias e outras dúvidas, como por exemplo, a eficácia energética do veículo na condição de automóvel usado após alguns anos (e dezenas de milhares de quilômetros rodados…) e a aceitação dele como ´seminovo´ na praça.

Feito esse breve panorama, vamos ao Kwid e-Tech, o Renault importado da China que já está à venda no Brasil como a opção mais em conta do mercado quando se trata de um automóvel com propulsão 100% elétrica.

Opções disponíveis do Kwid aqui no país >> A Renault do Brasil já vende o Kwid há bastante tempo no mercado local. O modelo é ofertado com motorização flex a combustão, em quatro versões: Zen, Intense, Intense Pack Biton e Outsider, essa última, topo da linha. A primeira delas (Zen) é disponibilizada com tabela a partir de R$ 68.190.

Ampliando a gama, o Kwid e-Tech chega por R$ 149.990. A constatação de R$ 81.800 de diferença entre essas duas configurações até assusta, mas o Kwid elétrico tem um custo por km/rodado quase 7 vezes mais baixo que o similar a combustão! Para recarregar os 100% da carga da bateria gasta-se, aproximadamente, R$ 30,00 , que é um valor absurdamente mais baixo do que o preço de um tanque cheio de gasolina. É preciso pesar, então, se o investimento maior nesse pequeno EV valerá a pena e se ele se enquadra no seu estilo de vida.

Características técnicas >> Esse modelo elétrico, ao contrário da versão a combustão, é homologado apenas para quatro ocupantes. Essa eliminação do quinto lugar ocorreu para compensar o peso extra. O Kwid e-Tech tem massa de 978 kg contra 786 kg da versão flex. São quase 200 kg extras por causa do pacote de baterias.

Bem equipado, o e-Tech oferece seis airbags de série, ar-condicionado, painel 100% digital, tela multimídia de 7 polegadas compatível com celulares Apple e Android, câmera de ré com alerta sonoro de obstáculos, controle de tração e estabilidade, porta-malas com 290 litros de capacidade, rodas de aço de 14 polegadas vestidas com as calotas mais bem feitas do mercado (imitam rodas de liga leve com perfeição), direção elétrica e sistema de som limitado com apenas duas caixas de som acima do painel.

A suspensão da versão elétrica é mais reforçada para suportar o peso extra e, por esse mesmo motivo, as rodas possuem quatro parafusos ao invés de três no projeto original do Kwid. A lista de equipamentos de série é condizente com o preço do carro.

Como se comporta? >> Característica comum dos veículos elétricos é a entrega imediata do torque máximo. O Kwid e-Tech tem um motor elétrico síncrono de ímãs e com redutor integrado. Posicionado na frente da plataforma, esse propulsor envia tração para as duas rodas dianteiras.

Apesar de ter apenas 65 cv de força e 11,5 kgf.m de torque, o compacto anda muito bem no ciclo urbano com retomadas espertas e total silêncio a bordo. Da imobilidade aos 30 km/h o Kwid e-Tech exibe uma ´assinatura´ sonora a fim de evitar acidentes com pedestres. No modo ´ECO´, o modelo passa a funcionar apenas com 45 cv de força, mas essa mudança é praticamente imperceptível em baixas velocidades. Mais agradável de se guiar que a versão a combustão, o Kwid elétrico tem conjunto honesto.

Conjunto da obra >> Para quem não encara viagens longas, o Kwid e-Tech é ótima opção de mobilidade urbana. Algumas questões existem: a recarga lenta, numa tomada doméstica comum (127/220 V), demora mais de 8 horas e a autonomia (declarada pelo fabricante Renault) é de 298 km a partir de uma carga 100% cheia, mas na prática isso varia demais devido à topografia, modo de dirigir, clima e equipamentos ligados no veículo.

A velocidade máxima é de 130 km/h e o assento do motorista não possui regulagem de altura, assim como a coluna de direção é fixa (sem ajustes de altura e profundidade). Seu único concorrente é o CAOA Chery iCar, também chinês e com o mesmo tamanho e proposta.

Vale a pena? Questão subjuntiva, sombreada e escondida em porquês muito particulares… Se o seu bolso permite, evidentemente, é boa opção, pois não polui e é menos estressante e mais confortável de se guiar que um Renault Kwid tradicional com motor a combustão, mas se vai apertar o orçamento, esqueça a possibilidade, pois a diferença de preço entre um Kwid tradicional e a configuração elétrica cria um caixa capaz de reabastecer o veículo por vários anos. É a peleja do tradicionalismo contra a inovadora tecnologia… (Fotos: divulgação Agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)