Dois importantes eventos automotivos aconteceram paralelamente nos últimos dias: o Salão de Paris (que completou 90 anos e ocorreu entre 14 e 20 de outubro) na capital francesa; e o Japan Mobility Show Bizweek 2024 (15 a 18/10), nos arredores de Tóquio (Japão). A exposição europeia voltou a tomar ´corpo´ após a baixa de público causada pela pandemia de Covid-19 e ainda mantém um número maior de expositores locais em relação aos já chamados ´novos grandes´, que são as marcas vindas, principalmente, da China.
O foco principal do Salão de Paris, novamente esteve direcionado ao universo dos modelos eletrificados, com ênfase até maior nos carros puramente elétricos, mesmo passando a Europa nesse momento por um período de menor procura pelos automóveis 100% elétricos do que os híbridos. A Renault exibiu o ´5´ e o ´4´, este último uma releitura de um modelo clássico, só que agora um EV com propulsão moderna, totalmente elétrico. A marca esportiva Alpine mostrou o A290, um hatch elétrico e o conceito A310. Já a Ford apostou em outro nome veterano, o Capri, em sua versão também 100% elétrica.
As chinesas mais fortes BYD, XPeng, GAC e Leapmotor, também marcaram presença no evento parisiense. Destaque para o BYD Sealion 7, um concorrente direto do já consolidado Tesla Model Y. O Sealion 7 é interessante, mas o seu design frontal ficou muito parecido com o dos carros da Tesla na atualidade. A traseira é mais atraente e bem formulada. MINI (marca da BMW) e Dacia (braço da Renault) também exibiram novidades eletrificadas. No contexto geral, nenhuma surpresa nesse evento francês, que tenta retomar o brilho e a importância do passado, mas sem tanto sucesso.
Evidentemente, a imprensa especializada não deixou passar despercebida a questão das pesadas tarifas impostas pela União Europeia (UE) para as importações de veículos elétricos vindos da China. A briga está enorme, ainda com larga vantagem para a gigante asiática. Mesmo com todas as imposições tarifárias, a China consegue entregar veículos com excepcional qualidade construtiva e com valores cerca de 32% mais em conta do que os ofertados pelas marcas europeias tradicionais, dentro da Europa! Até agora os chineses estão suportando o tranco sem apresentar contra-ataque. A primeira reação factível até o momento foi da BYD, que já avisou que fabricará seus veículos no continente europeu, em suas unidades da Turquia e Hungria. Além disso, o governo chinês não movimentou um dedo sequer no sentido de aumentar as tarifas de exportações da Europa para lá, o que seria asfixiante para a UE.
Menos badalado que o Salão de Paris, o Japan Mobility Show Bizweek 2024 mostrou-se muito mais interessante do ponto de vista técnico dos estudos de viabilização de combustíveis alternativos rumo ao chamado “Desafio da Neutralidade de Carbono”. Os cientistas e engenheiros japoneses estão mergulhados em possibilidades que vão além dos carros elétricos alimentados por bateria. Eles estão indo muito mais a fundo nos estudos e testes de novas tecnologias que possam substituir os combustíveis fósseis. A ´estrela´ do evento foi o cartucho de hidrogênio portátil da Toyota, que nada mais é que uma preciosa fonte de energia compacta, capaz de armazenar hidrogênio à uma enorme pressão, podendo ser utilizada em veículos equipados com um sistema de célula de combustível e em outras aplicações domésticas e industriais. O ´pulo do gato´ dessa invenção é a facilidade e rapidez de reabastecimento do automóvel, já que o cartucho sempre estará em fluxo de substituição, usando o mesmo princípio primitivo da troca de um botijão de gás utilizado em residências comuns.
O ponto bom a se observar em tudo isso é a intensa movimentação do mercado automotivo, gerando arrepios e acordos econômicos; e inéditas soluções que poderão aliviar o nosso planeta da poluição gerada pelos combustíveis tradicionais. E viva a inteligência humana! (Fotos: divulgação BYD / Instagram: @acelerandoporai.com.br)