A lição que aprendi com o guru da montanha que eu nem sei se existe…

Essa curiosa historinha se passou no antigo Tibete, numa longínqua montanha. É o que dizem por aí… Conta-se que uma zelosa mãe de nome ´Zia´ estava muito preocupada com o excesso de ingestão de açúcar do seu filho caçula, um dos sete rebentos que ela havia gerado com o seu esposo. O garoto engordava a cada dia e ela tinha noção dos perigos para a saúde, causados pela obesidade. Sem sucesso no convencimento junto ao seu filho, foi recomendada a procurar auxílio com um centenário guru chamado de ´Shin´.

Recluso em suas meditações, esse antiquíssimo e respeitado filósofo residia no pico mais alto do Himalaia em sua humilde, mas pitoresca casinha, cercada pela perfeita harmonia da natureza. A questão principal é que, para se chegar à casa de Shin, a viagem durava dois dias de caminhada com trilhas bem difíceis. A insólita Zia topou o desafio e lá foi, junto ao seu marido e com o filho gordito ao encontro do respeitado conselheiro.

Lá chegando, exausta e muito falante, explicou toda a questão ao velho sábio, despejando prolixidade nos ouvidos do homem que, impávido, escutava tudo de olhos fechados. Ao terminar, do alto de sua sabedoria, Shin abriu os olhos e somente disse que eles fossem embora e retornassem em duas semanas. E assim foi feito.

De volta – agora duplamente cansada – Zia chegou com o filho gordinho e com o marido, mais uma vez, ao encontro do honorável guru. Este, relembrou o caso e apenas falou: “ – Garoto, pare de comer açúcar, pois faz muito mal à saúde”. Intrigada com o conselho que, para uma mãe preocupada, não passava de uma frase simplória, Zia reclamou do esforço que tivera para subir duas vezes aquela íngreme montanha. Com um leve sorriso, Shin falou: – Minha senhora, há duas semanas eu ainda consumia açúcar. Precisei desse tempo para largar esse vício e poder aconselhar outra pessoa a fazê-lo… Envergonhada e profundamente agradecida, a devotada mãe retornou à sua aldeia disposta a também largar o consumo de açúcar para dar exemplo ao filho. E assim o fez. O garoto também entendeu a lição e – dizem as folhas da floresta – que ele cresceu, emagreceu e tornou-se, antes de muito mais esbelto, um homem saudável.

Dentre tantas reflexões, essa história serve, também, para quem vive por aí reclamando de acidentes irresponsáveis no trânsito e criticando a quem usa celular ao volante, mas que, às escondidas, vive fazendo isso. A minha solução para cortar o péssimo e perigoso hábito de usar o celular enquanto dirigia (mesmo que somente durante os semáforos vermelhos), foi o hábito de sempre colocá-lo dentro do porta-luvas, mantendo a atenção nas notícias das rádios ou nas minhas músicas preferidas. Isso bastou para eu me acostumar à nova realidade. Se o seu ímpeto é ainda mais forte, sugiro que, quando for dirigir, radicalize e deixe o celular no porta-malas do seu carro. Talvez isso funcione como uma ´subida de montanha´ pessoal… (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)