buru-rodas

O sádico ´tapinha´ no retrovisor alheio…

Stress, falta de educação, imaturidade e violência: o senso comum de uma sociedade doente

Não há termômetro social mais assertivo no mundo do que o comportamento das pessoas no trânsito. Recentemente fui testemunha ocular de uma cena singela e, apesar de simples, agressiva, feia e chata a ponto de fazer uma pessoa perder o prumo da emoção. Descendo a Avenida Fernandes Lima – artéria viária mais movimentada de Maceió (AL) – vi uma jovem senhora tentar sair da faixa azul (canal exclusivo para ônibus e táxis) para entrar na via ´comum´. O trânsito estava intenso. Quinta-feira à tarde. Ônibus lotados. Motoboys buzinando sem cessar. Pedestres atravessando a pista. Ambulantes tentando vender água e confeitos… Buzinas, calor, stress: a visão do caos! A moça somente queria sair da faixa azul e entrar no canto certo e livre de multas. De repente… um ciclista surge no meu retrovisor do lado direito. Havia espaço suficiente para ele passar com sua bike cor de prata. Ambos muito magros: ele e a bicicleta. Sim, havia espaço de sobra para o veículo de duas rodas passar em silêncio, sem poluição, barulho ou qualquer incômodo, mas o impaciente ´dono da rua´ sentiu-se incomodado com a manobra da moça e pow! Abriu a palma da mão direita com toda a força da sua ignorância e empurrou o retrovisor do lado esquerdo do carro alheio. Não havia perigo de acidente e, como já destaquei, existia espaço de sobra para o sujeito passar! A ação agressiva e totalmente dispensável durou milésimos de segundo, mas foi perceptível por mim e pela (agora) atordoada motorista do carro, também cor de prata. Fiz o que era pra ser feito: ajudei a moça a se recompor do susto. Liguei o alerta, baixei o vidro e a orientei no reencaixe do retrovisor descerrado, mas não quebrado, felizmente. A motorista me agradeceu, engatou a primeira e, finalmente, adentrou na via correta. Seu semblante era de susto, raiva e incompreensão. Sensações parecidas com as minhas.

O covarde da bike sumiu entre os veículos, fugindo pelos minúsculos corredores. Sua atitude medíocre era a assinatura da discórdia entre irmãos de um mesmo país, o minimalismo da camaradagem, o retrato de uma sociedade violenta e ainda imatura. (Foto: divulgação Agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)