Será que o carro 100% elétrico já está começando a morrer novamente?

Engana-se quem imagina que o carro elétrico é uma invenção atual. Apaixonado por tudo o que envolvia eletricidade, aos 18 anos, Ferdinand Porsche (fundador da empresa que até hoje existe e tem o seu sobrenome), criou e instalou um sistema de iluminação elétrica na casa de seus pais em 1893, ou seja, no século 19!

Cinco anos mais tarde, Porsche projetou o Egger-Lohner C.2 Phaeton, um veículo 100% elétrico que alcançava 25 km/h. Um ano depois (em 1899), agora em parceria com a fabricante de carrocerias ´Kuk Hofwagenfabrik Ludwig Lohner & Co´, Ferdinand Porsche desenvolveu o motor elétrico agregado ao cubo da roda. Surgiu, então, o veículo Lohner-Porsche Electromobile (também 100% elétrico), que tinha 5 hp de potência e atingia velocidade máxima de 37 km/h. Este foi, portanto, o começo da carreira de um dos engenheiros mais geniais da indústria automotiva.

Além dessa referência histórica, aconteceram outras fases aonde os carros elétricos tentaram retornar à vitrine das concessionárias, mas não obtiveram sucesso por causa do fortíssimo ´lobby do petróleo´. As pessoas mais jovens nem sabem da existência dos bondes e ônibus elétricos que, por décadas, serviram como meios de transporte de massa no Brasil e no restante do mundo. Recife, a capital pernambucana, por exemplo, manteve seus ônibus elétricos em funcionamento até 1991! Apelidados de ´trolleybuses´ os ônibus azuis fabricados pela Marmon-Herrington Automotive Company, empresa de Indianápolis (EUA), fizeram sucesso pela sua eficiência e baixíssimo custo de manutenção. San Francisco (na Califórnia/EUA) e Düsseldorf (Alemanha), pelo charme e incentivo ao turismo, ainda mantêm os seus bondes elétricos em atividade até hoje.

Nesse momento, o panorama de vendas dos carros elétricos apresenta uma considerável oscilação. Em mercados fortes como os Estados Unidos e parte da Europa, está acontecendo um decréscimo nas comercializações dos modelos 100% elétricos, mas isso ocorre por protecionismo comercial, pela altíssima tributação de importação dos carros elétricos chineses. Já aqui no Brasil, o momento dos eletrificados (híbridos ou puramente elétricos) é de voo de Brigadeiro: vendas em alta e boa aceitação mês a mês.

Não acredito que haja um retrocesso e um novo desaparecimento dos elétricos do mercado outra vez, como já ocorreu. O momento é outro, com sérias preocupações ambientais que colocarão, mesmo a longo prazo, os motores a combustão em xeque-mate. Já existem excelentes produtos elétricos no mercado nacional, adequadíssimos ao uso urbano e com um custo por quilômetro rodado muito atraente. Carro elétrico já é uma opção amigável. O único detalhe que falta acontecer é a resposta do mercado aos veículos elétricos usados e fora de garantia; se eles serão bem aceitos ou não como moeda de troca, se terão (ou não) liquidez quando já estiverem surrados pelas estradas da vida. Esse é o ponto principal que deverá consolidar (ou expulsar) esse tipo de produto do segmento automotivo. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)