A Nissan – uma das mais tradicionais marcas automotivas japonesas – está atravessando um momento bem delicado. A empresa acumula pesadas dívidas, está com o portfólio carente de renovações e, para que possa se manter viva no mercado, terá duas opções: ou demitir funcionários em larga escala e fechar fábricas, numa tentativa de reiniciar as operações com um porte bem menor ou arranjar um sócio bilionário que acredite na marca e esteja disposto a arriscar altas quantias para injetar ânimo num ambiente comercialmente fragilizado.
A segunda escolha, provavelmente, será a adotada e a Nissan poderá ser salva da falência por outra gigante nipônica: a Honda Motor Company, megaempresa que fabrica motores para barcos, geradores, ferramentas, quadriciclos, motocicletas, automóveis e até aviões.

Conversa travada >> Há vários meses que as negociações sobre a possibilidade de fusão entre a Nissan e a Honda começaram, no entanto, Makoto Uchida (ex CEO da Nissan) tornou-se um obstáculo dentro desse tabuleiro, pois, publicamente declarou que não aceitaria que a Nissan se tornasse apenas uma subsidiária da Honda. A declaração chamou muita atenção no segmento automotivo por razões óbvias: pelo contexto financeiramente enfraquecido, Uchida simplesmente não estava em condições de reivindicar muita coisa… A postura do ex-comandante geral da Nissan causou descontentamento na cúpula da Honda, que se retirou da mesa.
Nova possibilidade >> Em meio ao nevoeiro com apenas uma fraca luz de um farol longínquo adiante, o conselho de diretores da Nissan retirou Makoto Uchida do comando. No lugar dele, assumirá (a partir de 1º de abril) o executivo Ivan Espinosa, que atualmente é o diretor de planejamento da marca. Seguramente, a missão nº1 de Espinosa será reiniciar a conversa com a alta direção da Honda Motor Company, abrindo uma nova possibilidade de fusão, mesmo que isso signifique que a Nissan passe a ser uma submarca da Honda.

Muito provavelmente haverá um acordo entre as duas empresas japonesas nas próximas semanas. O jogo não tem um panorama muito claro, já que a sólida e tradicionalista Honda tem as suas posições de mercado muito bem definidas e, numa visão geral, em contrapartida, a Nissan não tem grandes vantagens a oferecer, pois não figura entre as melhores em tecnologia atualmente. A Nissan tem um produto interessante, o hatch Leaf. Esse modelo 100% elétrico foi pioneiro no mundo nas vendas em larga escala, mas, por exemplo, no mercado brasileiro ele fracassou e saiu de linha. Hoje somente é oferecido para locação do tipo ´assinatura´, mas já não é ofertado no site da marca aqui no país. A possível aquisição da Nissan pela Honda continua como uma incógnita, pois até agora pouca gente entendeu qual é o objetivo da Honda nesse negócio. (Fotos: divulgação Nissan / Instagram: @acelerandoporai.com.br)