Existem alguns automóveis que se tornam raríssimos por razões simplórias, como por exemplo, atrasos da conclusão do projeto que inviabilizam a produção. Esse foi o caso do XJ13, um protótipo – único – de carro de corridas desenvolvido pela Jaguar. O objetivo da marca inglesa era desafiar a concorrência (Ford e Ferrari, principalmente) nas ´24 Horas de Le Mans´ em meados dos anos ´1960. Apesar de bem feito e com motor muito forte, ele jamais disputou essa famosa corrida francesa.
Objetivo >> Em 1955, com o intuito de intensificar suas participações em competições, a Jaguar já tinha um motor V12 quase pronto. A empresa pensou em construir, primeiramente, uma versão de pista para o XJ13, para depois adaptar uma nova configuração ´de estrada´ que seria vendida nas concessionárias, ao contrário do XK, que foi concebido como um carro de produção em larga escala e, posteriormente, direcionado também para as corridas.

Desenvolvimento >> O projeto do motor V12 do XJ13 não precisou de grandes manobras de engenharia para ficar pronto. A unidade consistia, essencialmente, no acasalamento de dois motores XK de 6 cilindros em um virabrequim comum, com um bloco de cilindros em alumínio. A Jaguar conseguiu um ótimo resultado final num propulsor de 5,0 litros com 503 cv de potência máxima.
Particularidades >> A ideia de ter um carro de corridas com motor central era nova para a Jaguar e, além desse componente experimental, não se sabe ao certo por quais razões, mas o projeto foi tratado com uma certa lentidão pela fabricante britânica. O XJ13 começou então a ser construído em torno desse motor V12 projetado por Claude Baily.
O propulsor, inclusive, servia como parte integrante do chassi de alumínio. O belo desenho desse carro foi feito por Malcolm Sayer, renomado projetista da indústria aeronáutica, que utilizou seu talento em aerodinâmica para moldar o XJ13. Sayer também foi responsável pela criação estilística dos modelos da Jaguar C-Type , D-Type , E-Type e XJ-S.
Frigir dos ovos… >> O Jaguar XJ13 ganhou carroceria em alumínio, caixa de câmbio manual da ZF e a tração traseira era diretamente jogada às rodas pelo enorme motor V12 que ficava montado atrás do piloto. Os triângulos da suspensão dianteira eram semelhantes aos do E-Type, no entanto, aonde o E-Type usava barras de torção longitudinais, o XJ13 tinha molas espirais.
Após ser exaustivamente testado, ele estava – finalmente – pronto em 1967. O bólido equipado com motorização V12/5.0 e 503 hp de força, conseguia a proeza de atingir 161 milhas (exatos 259.104 km/h) de velocidade final, mas apresentava problemas de estabilidade.
Somente em 1971 é que esse carro foi oficialmente apresentado ao público, mas já era tarde demais, pois os novos regulamentos de corrida impostos para Le Mans tinham mudado e a Ford, por exemplo, já tinha desenvolvido um motor de 7,0 litros para o devastador GT-40, já bem mais avançado do que o XJ13 naquele instante. O sonho, então, foi por água abaixo…
Curiosidades >> Num teste final num autódromo a mais de 220 km/h, o piloto Norman Dewis sentiu que o Jaguar XJ13 perdeu uma das rodas. Descontrolado, esse ´filho único´ bateu no guard rail e capotou. Por sorte, o piloto saiu ileso, mas o esportivo ficou completamente destruído no acidente. A reconstrução foi concluída em junho de 1973. A Jaguar tinha dois motores para refazer apenas um e, curiosamente, decidiu remontar o propulsor original desativando um dos seus 12 cilindros. Isto significava que o carro poderia andar, mas nunca chegaria no seu potencial pleno novamente.

Em 2002 esse carro sofreu mais um pequeno acidente tendo o cárter destruído. Nesse momento a Jaguar tomou a decisão de desmontá-lo para, enfim, concluir uma restauração impecável dentro dos moldes originais deixando-o com o funcionamento e aspectos estéticos perfeitos! O belo e solitário XJ13 voltou a roncar forte no festival inglês de velocidade de Goodwood em 2007 e hoje somente é exposto pela Jaguar em eventos comemorativos da marca. (Divulgação: Jaguar / Fotos: Google free royalties / FavCars / Instagram: @acelerandoporai.com.br)