Silencioso, discreto e com aparência conservadora. Assim é o Jetta TSi 2.0. Essa é a sua essência mais visível, a primeira pele, digamos assim. Mas ele é completamente bipolar! Ao fincar o pé no acelerador, uma segunda personalidade entra em cena. E é inacreditável o que essa sombra é capaz de proporcionar em termos de diversão ao volante.
Caracol da alegria >> O turbocompressor (peça pequena e que, internamente lembra a estética de um caracol) serve para reaproveitar os gases do motor, transformando essa recirculação em doses extras de potência. Esse é o ´Ponto G´ do Volkswagen Jetta TSi 2.0, sedã médio/compacto mais divertido do mercado nacional na atualidade. A máquina avaliada nessa matéria foi a versão Highline, que é oferecida pela VW a partir de R$ 108.300.
Receita acertada >> O motor é o consagrado 4 cilindros/turbo ´TSi´ com 1.984 cm³ de cilindrada, duplo comando, 16 válvulas e injeção direta somente de gasolina. Essa unidade polivalente com 211 hp de força máxima, equipa diversos veículos da Volkswagen, Audi e Skoda com muita autoridade. Tem excepcional curva de torque com pico de 28,6 kgf.m já a partir das 2.000 rpm (rotações por minuto).
A condição de não ser ´flex´ torna esse carro um pouco mais econômico do que a concorrência. Explico mais uma vez a minha aversão aos motores bicombustíveis. Nos últimos 15 anos de testes que fiz em veículos de todas as marcas vendidas no Brasil, não encontrei um exemplar sequer (que consuma gasolina e/ou álcool em qualquer proporção de mistura) que fosse tão econômico quanto à configuração puramente a gasolina. Esse detalhe técnico maldito – que só alegra aos donos de postos de combustível e produtores de etanol –, infelizmente, virou moda no setor automotivo.
Finalizando: o motor 2.0 do Jetta TSi foi concebido para queimar apenas gasolina pura. Aqui no Brasil, cada litro da nossa contém 250 ml de álcool com água, ou seja, mesmo se alimentando com uma dieta pobre, o Jetta é um sedã econômico. Consegui as médias de 9,2 km/litro na cidade e 12,7 km/litro em ciclos de estrada.
Comportamento >> Como descrevi nas primeiras linhas, o Jetta TSi 2.0 é uma delícia de automóvel. Comporta-se como um diplomata discreto nas baixas rotações e como um furioso roqueiro nos altos giros. É muito adequado para se viajar nas suicidas estradas de mão dupla do Brasil, aonde as brechas de ultrapassagens quase sempre se comparam a uma roleta russa depois de três garrafas de vodka.
Quando a clareira abre, o tal motor 2.0 TSi empurra o sedã esportivo com categoria, sem falhas e o melhor, com muita segurança. Esse é o maior trunfo desse carro: a incrível capacidade de retomadas que faz das ladeiras, pisos planos. Nesse aspecto, nenhum concorrente vendido no Brasil é capaz de superá-lo.
Habitáculo >> Esse sedã é adequado apenas para quatro pessoas. No espaço central do banco traseiro é possível se transportar mais um passageiro, mas apenas em curtas distâncias. O encosto desse espaço transforma-se num apoia braços e porta-copos.
O interior da versão Highline (feita no México, com peças alemãs, norte-americanas e mexicanas) é todo forrado em couro e tem o mesmo (bom) padrão de acabamento de um Golf, por exemplo. Uma falha: ele somente oferece um teto solar de tamanho e formato convencional. Não é panorâmico; mas tem abertura e fechamento elétrico e excepcional vedação acústica. No meio do console central também existe um ótimo apoio de braços e os porta-trecos são decentes.
Enfim… >> O Jetta, apesar do desenho clássico e tradicional (que faz a VW perder muitas vendas desse sedã sensacional), é bem agradável e charmoso. Os faróis são de gás xenônio associados com LEDs. Emitem ótimos fachos de longo alcance. Seu câmbio (outro ponto forte) é o DSG automático de dupla embreagem e com 6 marchas. As mudanças são rápidas e quase imperceptíveis. O conjunto de segurança traz seis airbags + controle de tração e estabilidade.
Em termos de tecnologia, o pacote é bem completo com tela sensível ao toque, GPS, bluetooth, piloto automático e um sistema de som democrático, com entradas USB, espaço para cartão e CD, além de rádio. Arrisco dizer que é o esquema mais fácil do mercado para parear dispositivos e traçar rotas de endereços.
Aqui no Brasil esse carro concorre com o Peugeot 408, Citroën C4 Lounge, Ford Focus, Honda Civic e Toyota Corolla. Não é o líder de mercado, porque a VW ainda não descobriu a pérola rara que tem guardada no cofre… (Fotos: divulgação)
