Lá no século XIX surgiu o “ludismo”, um movimento social que ocorreu na Inglaterra contra os avanços tecnológicos da chamada ´Revolução Industrial´. Os operários tradicionais invadiam as novas fábricas equipadas com maquinários modernos e quebravam tudo! No ´grito´, eles tentaram – em vão – puxar o freio de mão da onda tecnológica que já aflorava na época, substituindo pessoas por máquinas e motores.
Evidentemente, houve uma forte reação tanto do Estado, quanto dos próprios empresários, que começaram a se defender da ofensiva violenta com rígidas leis e punições e, muitas vezes, literalmente, com balas de chumbo contra os agressores. Após sangue e revolta, houve uma cessão do lugar aos novos ´monstros´ de aço que assumiram muitos postos outrora ocupados por seres humanos. Questões como essa são muito antigas. As invenções impulsionadas pelas descobertas e conquistas dos grandes navegadores portugueses e espanhóis dos séculos XV e XVI, já tinham, em muitos aspectos, transformado vários modos de produção.
Um novo ´Ludismo´, provavelmente sem quebra-quebra, mas com greves efusivas, poderá surgir em breve. A grande novidade é o investimento de bilhões de dólares que os fabricantes automotivos chineses começaram a fazer em projetos de robôs humanoides. Do mesmo modo que largaram na frente na construção de veículos eletrificados, agora estão sendo pioneiros nessa inovadora tecnologia produtiva.
Seguem alguns exemplos de robôs humanoides capazes de trabalhar de sol a sol, sem parar um segundo sequer para fazer xixi, fumar, fofocar ou tomar cafezinho: o GoMate, feito pela chinesa Guangzhou Automobile Group (GAC) já está na sua 3ª geração. Ao invés de pés, ele tem duas ou quatro rodas que o sustentam perfeitamente. Ele é capaz de operar em diferentes ambientes com uma estrutura de mobilidade impressionante, encarando escadas, ladeiras e diversos obstáculos com a maior tranquilidade. As “mãos” desse robô têm uma precisão inacreditável para executar dezenas de tarefas. Detalhe: ele jamais precisará ir ao médico para tratar das dores oriundas das lesões por esforço repetitivo…
Outra estrela desse novo campo é o “Iron”, o primeiro robô humanoide da fabricante chinesa de veículos Xiaopeng Motors Technology. Ele mede 1,72 m de altura e pesa 70 kg. Possui 60 articulações e é capaz de imitar com 99,9% de perfeição, exatamente duzentos movimentos semelhantes aos humanos. O Iron já está devidamente ´empregado´, trabalhando nas linhas de produção da fábrica da Xiaopeng, ajudando a montar o modelo ´P7+´, moderno carro elétrico dessa marca. E existe, também, o robô ´Walker S´ (da UBTech), ainda em fase de treinamento na fábrica da Nio.
Vale destacar que essas máquinas possuem uma impressionante capacidade avançada de raciocínio e que foram programadas para executar com destreza, muitas tarefas que, anteriormente, só os humanos conseguiam realizar. Os robôs humanoides já conseguem se movimentar em ambientes lotados de pessoas, podem trabalhar em pé, sentados ou deitados, já têm capacidade de inspecionar detalhes construtivos ligados à segurança dos carros e podem repetir, sem cansaço, tarefas complexas em locais de difícil acesso.
Assim como no ambiente agrícola de produção em larga escala, o esquema de fabricação do setor automotivo deverá sofrer radicais transformações nos próximos anos. E, logicamente, quem não se adequar aos novos tempos, será expulso do mercado, a não ser que queira oferecer produtos artesanais feitos à mão, somente para nichos minúsculos e milionários. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)