Desdobramentos sobre a comercialização do lítio e um possível parasitismo estatal

Margaret Thatcher – a primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990 – sempre destacou uma questão básica, que trata da incapacidade do Estado em gerar riquezas e do seu eterno “talento” em gastar excessivamente, gerando dívidas e inchaço na máquina pública. Ela, com sua enorme competência, foi a responsável por um longo período de estabilidade financeira no Reino Unido e larga politização da sociedade. A eterna ´Dama de Ferro´ também dizia que “país que cresce é aquele aonde a liberdade de ação comercial é maior, e a interferência pública é mínima”. O contrário disso é papinho de sindicalista esquerdista e preguiçoso. A introdução desse texto serve para entender um novo panorama que começa a surgir. O lítio (mineral indispensável para as atuais baterias de veículos elétricos/EVs), antes escondido apenas em celulares, tablets, ´pilhas´ de rádio e pequenos aparelhos de som, era um mero desconhecido do mercado, contexto que mudou com esse novo ´boom´ dos EVs.

Agora, com amplas possibilidades de uso no universo da mobilidade humana, essa nova joia natural já entrou nos radares estatais do mundo inteiro, com destaque para o Chile, que, por intermédio do seu Presidente (Gabriel Boric) decidiu criar um ´plano de estatização´ desse mineral. Estima-se que o Chile detém quase 37% das reservas de todo o lítio existente nesse planeta. E já é o segundo produtor, perdendo apenas para a Austrália e mantendo-se à frente da China. O projeto de lei proposto por Boric ainda terá que passar pelo Congresso chileno. Se for aprovado, uma nova estatal será criada para, obviamente, estabelecer-se como um parasita das várias empresas privadas que já investiram milhões de dólares naquele país para viabilizar a extração nesse novo comércio promissor e lucrativo. Parasita com direito a cargos e cobrança de impostos, ressalte-se. O ponto agora é o receio dessas empresas em terem seus contratos de longo prazo desrespeitados pelo governo. ´Do poço à roda´, veículos elétricos deixam um rastro nada amigável no meio-ambiente. Só para lembrar: para se extrair 1 tonelada de lítio, é necessário o gasto de um milhão e novecentos mil litros de água! E o processo de extração quase sempre contamina bacias hidrográficas. Outro dado preocupante alertado pela Agência Internacional de Energia, é o seguinte: a produção de um pacote de baterias para um veículo elétrico pesa, em média, entre 500 e 600 kg e emite cerca de 70% de dióxido de carbono a mais do que a fabricação de um carro tradicional feito na Europa… É uma conta que não fecha (coisa que governos adoram). A aposta pelo lítio está em alta, mas os dados ainda estão rolando a favor dos ´combustíveis sintéticos´, alternativa que poderá prolongar a vida dos motores tradicionais a combustão, surgindo como um concorrente direto dos automóveis elétricos. (Imagem: divulgação BMW / Instagram: @acelerandoporai.com.br)