Gargalos insuportáveis no velho trânsito de cada dia…

A criação das avenidas maceioenses que hoje conhecemos como ´Fernandes Lima´ e ´Durval de Góes Monteiro´ – vias de trânsito mais movimentadas da capital alagoana – deu-se nos anos ´1930 com o intuito principal de fazer uma ligação do porto de Maceió (bairro de Jaraguá), até o primeiro campo de pouso do Estado no município de Rio Largo, interior a cerca de 20 quilômetros do centro. No eclodir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), diz-se que, por sugestão de militares norte-americanos que sobrevoaram Maceió e interiores vizinhos em ocasião de patrulhas dos ´Aliados´, foi traçada, enfim, basicamente uma linha reta ligando o mar da Praia da Avenida ao aeroporto que hoje é chamado de ´Zumbi dos Palmares´.

Salvo alguns ´blackout´s´ que exigiam o apagamento das luzes de toda a cidade, evitando raros, mas possíveis ataques aéreos dos alemães, italianos ou japoneses (o ´eixo inimigo´ dos Aliados), a guerra não chegou ao Brasil. Se pouco serviu a fins militares, essa longa pista que hoje se funde numa enorme rodovia formada pelas avenidas Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro, desembocando na BR-104, ela serviu como indutor de desenvolvimento dos platôs mais elevados de Maceió. Os bairros do Farol, Gruta e Tabuleiro dos Martins, são apenas três exemplos de localidades que nasceram, cresceram e se beneficiam até hoje por causa da existência dessa tríplice via. No início dos anos ´1980, elas receberam semáforos sincronizados que possibilitavam, ao menos teoricamente, que os carros trafegassem por toda a extensão sempre com os ´sinais´ verdes, caso a velocidade constante fosse de 60 km/h. Todos os retornos dessas duas vias davam-se por acostamentos internos, dispensando os contornos de quadras, hoje indispensáveis. Quem acompanha esse movimento de trânsito há décadas, sabe que a largura dessas pistas e todas as tentativas de solução para melhorar o fluxo, já não servem para amenizar os problemas constantes de congestionamentos veiculares. Uma das soluções para desafogar o trânsito desde a famosa Praça Centenário até as imediações da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) seria a retirada do canteiro central para dar espaço a um VLT suspenso, uma pista somente para ônibus e uma espécie de ´motovia´, só para motocicletas. Pedestres seriam mantidos nas calçadas já existentes dos dois lados. Mas há dois problemas: o sacrifício da bonita vegetação do canteiro e a perda do espaço dos ciclistas e demais usuários do sistema de micromobilidade. Uma equação de difícil solução e que somente poderia ser realizada com boa vontade política, bom senso social e indigestas desapropriações imobiliárias. Quem vai encarar isso? Quase ninguém, pois é muito mais fácil criar ´points Instagramáveis´ do que ter coragem de viabilizar um projeto maior e, de fato, útil socialmente para uma capital com mais de 1 milhão de habitantes. Impossível em dias movimentados no trânsito como os de hoje (quase 80 anos depois do fim da 2ª grande Guerra) imaginar que vias importantes como essas citadas, ainda possam ser interrompidas por vários cruzamentos absurdamente inaceitáveis como, por exemplo, os das Avenida Rotary, Rua Tereza de Azevedo e Rua Dr Abelardo Pontes Lima, todos desembocando com pujantes jorros de trânsito insano nessas obsoletas avenidas. É a batalha cotidiana com buzinas, falta de camaradagem ao volante e muita impaciência, levando os motoristas ao pico do stress na desafinada orquestra urbana… (Fotomontagem: agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)