A indústria automotiva chinesa não é nova, já que começou a mover as suas primeiras engrenagens por volta de 1950, coincidentemente, a mesma época em que o Brasil iniciou por aqui a implantação do seu parque fabril destinado a esse fim. A diferença é que os chineses ´patinaram´ por um bom tempo em imitações e aperfeiçoamentos da sempre defasada indústria automotiva russa, e nós, brasileiros, começamos a conviver com tecnologia norte-americana (General Motors e Ford) e alemã (Volkswagen), amplamente mais avançadas naquele tempo. Sem muitas delongas sobre as consequências da globalização com suas ´fronteiras derrubadas´, os anos se passaram e os veículos chineses, já bem estruturados, mas ainda muito cheios de detalhes a serem aperfeiçoados, começaram a ganhar o mundo. Isso ocorreu bem no início dos anos ´2000 e por aqui, exatamente em 2007 com a chegada do Effa M100, que era um compacto com design esquisito e mecânica problemática, mas que tinha a intenção de encarar – nada menos – que o globalmente famoso Fiat Uno. O M100 não se consolidou por aqui por diversas razões, dentre elas, uma precária rede de concessionários. Um ano depois da chegada dos veículos chineses ao Brasil, ou seja, em 2008, o mercado daquele país asiático, num crescente constante, assumiu a primeira posição global nas vendas de veículos, ultrapassando o sempre pujante ambiente automotivo dos Estados Unidos. Outros gigantes como Japão, Alemanha, Inglaterra e Brasil também ficaram para trás. Ao contrário do início dos anos ´2000, com veículos mal vistos pelo público, o panorama atual é totalmente diferente.
Marcas como Chery, Geely e JAC, por exemplo, evoluíram bastante e outras, ainda mais ousadas e que investiram enormes quantias em tecnologia e design – como a BYD e a GWM (Great Wall Motors) – em alguns nichos, já estão tomando o espaço de tradicionais fabricantes. A BYD já vende mais carros elétricos que a badalada norte-americana Tesla e o SUV híbrido Haval H6, atualmente é o veículo mais comercializado do segmento no Brasil. Essas duas últimas marcas chinesas citadas não devem absolutamente mais nada a ninguém em termos de qualidade construtiva, pacote de segurança, estilo e conforto. Estão na briga com muito fôlego (inclusive na capacidade de impor preços mais baixos) e, além dos carros, têm se firmado em mercados externos com a implantação de fábricas, detalhe que oferece confiança ao consumidor. Já testei alguns modelos chineses e acompanhei essa incrível evolução de perto. Na minha opinião, a única incógnita no ar, é saber se os veículos chineses (principalmente os 100% elétricos) se consolidarão como negócios interessantes na condição de ´carros usados´. Esta é a última barreira a ser vencida, porque o preconceito em comprar produtos outrora feios e que não ofereciam boa qualidade, já foi superado. Os chineses não estão brincando de construir automóveis: rápida e gradualmente, estão conseguindo se impor no mercado. Arrisco dizer que a presença deles causará uma significativa diluição das fatias de mercado e uma inacreditável troca de posições no ranking das marcas mais valiosas. “Ilustres desconhecidos” serão valorizados e gigantes ´players de mercado´ cairão de patamar. (Foto: divulgação BYD do Brasil LTDA / Os direitos autorais de divulgação da imagem dessa matéria são de responsabilidade legal – única e exclusiva – de BYD do Brasil LTDA e do seu time de comunicação / Instagram: @acelerandoporai.com.br)