Não importa mais o tamanho das cidades: sejam elas médias ou grandes, o inchaço urbano brasileiro já é uma evidência incontestável do nosso fracasso referente à falta de planejamento nas áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia civil. Até a capital federal Brasília (DF), que teve o traquejo, principalmente de Lúcio Costa nesse sentido, hoje já sofre com congestionamentos. De uma maneira lúdica, dá para imaginar o trânsito e a sua fluidez (ou travamento) observando folhas, gravetos e até pequenos lixos percorrendo uma vala cheia d´água. Basta um objeto “estacionar” de maneira incorreta obstruindo o fluxo, que tudo aquilo que vem em seguida, começa a se amontoar até que a “via” seja liberada pela correnteza outra vez. Observe ao seu redor e perceba que o trânsito tem um movimento muito parecido com esse citado: diversos obstáculos que vão se amontoando e travando um processo que deveria ser simplificado, mas não é. São ônibus sem espaço no acostamento para embarcar e desembarcar passageiros, motocicletas ocupando qualquer fresta existente, caminhões gigantes em locais inadequados, motoristas lentos na faixa da esquerda, conversões proibidas, dentre tantos outros fatores.
Um dos principais motivos a atravancar o trânsito é a falta de habilidade das pessoas em trafegar em espaços reduzidos. E isso vale para todos os veículos, com exceção das bicicletas. Basta, por exemplo, um caminhão-lixeiro parar coladinho ao acostamento, deixando 1/3 da via obstruída, que o problema está implantado. A partir daí veremos uma lenta procissão de motoristas incapazes de perceber e entender o espaço que eles possuem para seguir em frente, versus o tamanho dos seus veículos. E o mais incrível de tudo é que até os motoqueiros entram numa espécie de colapso de direção, travando o trânsito ao diminuir a velocidade por causa do chamado “fear of the narrow hallway” (medo do corredor estreito), como dizem os norte-americanos. A solução para eliminar isso – ou ao menos minimizar os efeitos negativos desse fenômeno bem comum – seria incluir uma situação similar durante os testes para se obter a carteira de habilitação. E como se trata de um detalhe simples de postura ao volante, talvez apenas um vídeo explicativo nas autoescolas já resolvesse numa boa… (Foto: divulgação Agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)