O conceito da troca de ideias e da partilha de projetos automotivos, ao contrário do que se imagina, é bem antigo, pois começou nos anos ´1960, primeiramente com a General Motors, por intermédio de sua importante marca Chevrolet, que utilizava muitas peças e conceitos construtivos comuns em vários carros ao mesmo tempo. Especificamente, o termo “compartilhamento de plataforma” está em evidência há uns 15 anos, quando grandes montadoras começaram a sentir enorme necessidade de dividir custos de projetos com ´marcas amigas´, para poderem continuar firmes no mercado.
Logicamente, você já percebeu que a redução de despesas e o cuidado com o (necessário) lucro, são evidentes nesse contexto. Há inúmeros casos sobre esse tema: diversos fabricantes de carros esportivos e motocicletas mais caras, por exemplo, preferem terceirizar os seus sistemas de frenagem adquirindo projetos da marca italiana Brembo, a mais renomada de todas até hoje nesse assunto. A Mercedes-Benz, em muitos dos seus carros e caminhões, optou pelas caixas de câmbio da gigante alemã ZF. O velho chassi passou a ser chamado de ´plataforma´, mas o conceito é o mesmo: base ou estrutura metálica que congrega o motor, suspensões e, hoje em dia, a arquitetura eletrônica. Uma das mais famosas plataformas é a MQB (da Volkswagen, inventada pelo austríaco Ferdinand Karl Piëch) que serve para o hatchback esportivo Golf, passando por vários carros até chegar ao SUV Atlas. A própria VW desenvolveu a ´MEB` (plataforma modular elétrica) para a sua extensa família ´ID´. Também gosto de citar o nome do competente Sergio Marchionne (falecido em julho de 2018) como um grande incentivador da prática do ´compartilhamento´ em nome da sobrevivência no ramo automotivo. Marchionne foi o executivo que salvou a Fiat da falência e criou a FCA (Fiat Chrysler Automobiles), um conglomerado que incluía as marcas Fiat, Jeep, RAM, Dodge e Chrysler. Muitos fãs reclamaram e jornalistas criticaram quando veículos tradicionais começaram a utilizar a ´ossatura´ alheia com roupagens diferentes. Hoje o Grupo Stellantis (que possui 14 marcas sob o seu comando) é o campeão nessa modalidade. E tem se dado bem, pela consequente e óbvia redução de custos, oriunda dessa salada tecno-mecânica. E haja criatividade dos engenheiros para conseguir manter um mínimo de essência comum à filosofia construtiva de cada marca!
A própria japonesa Subaru, fabricante de excepcionais automóveis e sempre tão contida nesse sentido, realizou um projeto conjunto com a Toyota: os esportivos compactos Subaru BRZ e Toyota GR86, são praticamente o mesmo veículo, assim como os famosos Chevrolet Tahoe e Cadillac Escalade (esses dois, separados por uma gritante diferença de preço), também são irmãos gêmeos ´não-idênticos…´ No frigir dos ovos, o compartilhamento tornou-se uma prática quase obrigatória entre portfólios de uma mesma marca ou entre empresas que precisam unir forças para ganhar fôlego. (Imagens: divulgação Toyota e Subaru / Os direitos autorais de divulgação das imagens dessa matéria, são de responsabilidade legal – única e exclusiva – de Toyota e Subaru e seus times de comunicação / Instagram: @acelerandoporai.com.br)