Carros pequenos e básicos tenderão a desaparecer do mercado.

Não existem muitos mistérios: a evolução tecnológica dos automóveis sempre esteve ligada às exigências do mercado e, antes disso, às legislações que surgem a partir de demandas por aumento de segurança para os ocupantes dos veículos e também para os pedestres, já que tudo está interligado no contexto do trânsito. E as tendências de estilo, assim como na moda, naturalmente vão surgindo e evoluindo (e sendo copiadas…). Recentemente houve um zum zum zum sobre a possibilidade da volta dos chamados ´carros populares´. Isso não é novo, pois já ocorreu no Brasil nos anos ´1960 e, com mais ênfase, no início dos anos ´1990 com veículos de pequeno porte e ´pelados´ em termos de equipamentos.

Fiat Uno: exemplo de um carro popular que deu muito certo no mercado brasileiro numa época de poucas exigências de emissões e segurança

Foi a febre dos carros com perigosos motores 1.0 e desprovidos, às vezes, de itens de série básicos, como o retrovisor do lado direito, por exemplo. Carro tem que ter força para ultrapassar uma carreta numa descida e ´fugir´ dela! Não foram poucos os acidentes com veículos fracos, que se metiam em ´sinucas de bico´ nas estradas, por pura falta de fôlego. O Brasil, de tão surreal que é, reativou nessa época até o obsoleto Volkswagen Fusca, que já havia saído de linha por aqui em 1986, retornando em 1993 com modificações internas, mas com o velho projeto mecânico de sempre. Agora, em 2023, a situação é completamente diferente: o consumidor brasileiro se acostumou com bons pacotes de segurança e itens de série que proporcionam comodidade e conforto. Além disso, carros pequenos – e básicos – historicamente, sempre deram pouco lucro aos fabricantes. Geralmente os compactos têm carroceria do tipo hatchback e o veículo mais cobiçado da atualidade é o de conformação ´SUV´ (utilitário esportivo). Carros pequenos têm outros problemas: são quase incapazes de absorver custos extras, como a possibilidade de adoção de um conjunto híbrido ou elétrico e sofrem para atender às constantes normas de emissões e exigentes padrões de segurança, afinal de contas, tudo custa caro nesse segmento. Especificamente no Brasil, o panorama atual é sombrio para os fabricantes: as vendas dos primeiros três meses de 2023 foram as piores dos últimos 16 anos! Não é somente uma questão de escassez de semicondutores ou um comportamento tímido dos consumidores: o problema está numa lenta e já visível recessão econômica gerada pelo atual Governo Federal, com juros repulsivos ao financiamento. E a inflação já é evidente nas pequenas compras. Os combustíveis, ovinhos de páscoa, arroz e macarrão… tudo está mais caro. Uma solução tem que surgir para salvar o segmento automotivo. E não será esta – com muita probabilidade – a volta do carro popular. (Foto: divulgação Fiat / Instagram: @acelerandoporai.com.br)