COP 28 é finalizada dando destaque ao ´início do fim´ dos combustíveis fósseis. Será?

Terminou na última terça-feira (12/12/23) em Dubai (Emirados Árabes Unidos) a ´COP 28´, 28ª Conferência de mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU). É um encontro importante que reúne técnicos e especialistas em clima, representando países legítimos homologados pela ONU, ambos comprometidos com o famoso ´Acordo de Paris´, que foi uma decisão conjunta de 195 nações no sentido de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. De maneira inédita, o chamado ´texto final´ do encontro enfatiza que ´o fim dos combustíveis fósseis será fundamental para que os objetivos de despoluição, melhora da qualidade do ar e diminuição gradual da temperatura do planeta Terra, aconteçam´. Isso é uma constatação óbvia e que já vem sendo debatida desde a 1ª conferência desse tipo, mas, sim, tem relevante importância no debate global.

No decorrer desta convenção, segundo as importantes mídias Bloomberg, Reuters e The Guardian, houve o vazamento de uma mensagem enviada pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aos seus membros (Arábia Saudita, Argélia, Catar, Equador, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Indonésia, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria e Venezuela), orientando que “todos rejeitassem qualquer texto que comprometesse a continuidade e viabilidade dos combustíveis fósseis na cadeia de abastecimento de petróleo e gás”. Nada de novo… Isso é uma postura evidente para um conglomerado multibilionário que deseja continuar vendendo o seu produto ainda indispensável para o sistema de mobilidade motorizada. É um momento delicado aonde líderes mais conscientes insistem que há uma necessidade urgente de se conter o aquecimento do nosso planeta, abaixando a temperatura entre 2,4 e 2,8°C até o final desse século. O chamado “consórcio de especialistas em política climática” faz as chamadas “previsões de alta convicção”, expondo dados que, infelizmente, não tem níveis de assertividade mensuráveis com exatidão. A turma da COP 28/2023 acredita, por exemplo, que as emissões de gases com efeito estufa cairão cerca de 80% até 2050 e atingirão nível zero até 2080, assim como creem que a gigante China vai diminuir em 60% a sua queima de carvão nas termelétricas até 2045; e também que os Estados Unidos, Europa, China e Índia não mais venderão veículos com motor a combustão até 2040. Será mesmo que tudo isso vai acontecer?! São previsões otimistas demais para um mundo que continua massacrando ecossistemas de maneira devastadora, perfurando o subsolo, poluindo as nuvens com vapores gigantescos oriundos de querosene de aviação e deixando solos inférteis por causa da extração de madeira e da criação de gado. Dentro desse contexto de cuidado na preservação da natureza, destaco um estudo realizado pelo US Geological Survey, que testou a saúde de peixes coletados em 291 pontos d´água importantes (rios, mares e lagos dos Estados Unidos) e constatou que quase 25% deles estavam contaminados com mercúrio e outros elementos químicos num nível impróprio ao consumo humano. No Brasil e em grandes países produtores de alimentos o uso de agrotóxicos é amplo e necessário para atender a uma demanda de quase 8 bilhões de pessoas. E qualquer ser humano de bom senso sabe dos danos causados por isso aos lençóis freáticos, às nascentes d´água, à fauna e flora. Nesse caso, parece ser um ´mal necessário´ e ainda não se achou uma solução para estancar esse tipo de conduta. São tantas barbaridades em nome do lucro que fazem crescer em qualquer um, aquela sensação de descrença na humanidade. As reuniões da ONU/COP são importantes e continuarão a existir, inclusive a de 2025 já está confirmada para o Brasil, com sede em Belém (PA). Particularmente, continuo acreditando em iniciativas como essa, pois tenho crença em ações humanas individualizadas e sei que existem pessoas, de fato, preocupadas com o futuro da Terra. Enfim… a esperança continua firme, mas é sempre bom lembrar da incisiva citação da ativista indígena Alanis Obomsawin: “Só depois da última árvore derrubada, do último rio poluído, do último peixe morto, o homem irá perceber que dinheiro não se come”. (Imagem: divulgação ONU / Instagram: @acelerandoporai.com.br)