Assunto em larga evidência atualmente, os carros elétricos são uma invenção excepcionalmente antiga. Nos anos ´1970, a cidade de Recife (PE), por exemplo, notabilizou-se por disponibilizar transporte público de ótima qualidade em ônibus 100% elétricos. Eram uns monstros gigantes com hastes compridas no teto, ligadas diretamente na chamada ´rede viva´. Seguros, silenciosos e muito eficazes, foram tirados de linha, sendo substituídos por veículos a óleo diesel. Hoje, os ônibus elétricos estão voltando. A Mercedes-Benz do Brasil está apostando nisso com o seu ônibus urbano elétrico ´eO500U´ a bateria, que, inclusive, já está sendo testado no Chile. Antes de tudo isso, os bondes (com propulsão totalmente elétrica) funcionaram no mundo inteiro (inclusive no Brasil) entregando sustentabilidade, charme e praticidade. Algumas cidades importantes como o Rio de Janeiro e Düsseldorf (na Alemanha) ainda oferecem algumas linhas de bondes como atrativos turísticos.
Bem mais atrás… lá no século 19 – especificamente em 1898 – Ferdinand Porsche, que mais tarde seria fundador de uma empresa de carros esportivos com o seu sobrenome, já navegava pelo universo elétrico com desenvoltura. Esse habilidoso engenheiro instalou um sistema de iluminação elétrica na casa dos seus pais e, poucos anos depois, projetou o ´Egger-Lohner C.2 Phaeton´, um carro 100% elétrico que entregava entre 3 e 5 cv de força e atingia velocidade máxima de 25 km/h. Um feito e tanto para a época! A questão é que a invenção de Porsche foi engolida pelo surgimento do petróleo como protagonista energético no mesmo momento. Nesse instante, impulsionado pela ousadia mercadológica e competência tecnológica chinesa e norte-americana, os mercados estão se abrindo novamente para a possibilidade do uso dos elétricos na mobilidade urbana e no transporte de carga e passageiros. Ainda falta, sem dúvida, uma consolidação na qualidade das baterias (que deverá estar sanada em menos de 4 anos com o desenvolvimento das baterias em ´estado sólido), e também no tempo de recarga e autonomia. Esses detalhes ainda são gargalos impeditivos para o pleno sucesso dos elétricos, mas tudo indica que serão solucionados. O Brasil, como sempre um baluarte da incompetência política, mais uma vez está se posicionando contra as evoluções oriundas do livre mercado. As medidas de aumento de impostos para importação de carros elétricos anunciadas recentemente pelo Governo Federal, poderão gerar uma segunda onda de desistência nesse tipo de investimento por aqui. Vale recordar o choque sofrido pelo empresário Sérgio Habib (presidente da JAC Motors Brasil) em 2011, quando foi atingido por medidas protecionistas do Governo Dilma Roussef ao mercado automotivo brasileiro em detrimento das importações de veículos. Naquele momento, os planos de Habib para implantar uma fábrica da JAC no Brasil, assim como os da marca Chery e outras, foram por água abaixo. Ações como essa exemplificam – da maneira mais clara – o significado de ´insegurança jurídica´. Além de afugentar quem já está atuando por aqui ou quem estava com intenções de abrir novas frentes de comércio, essas medidas protecionistas, em curto prazo, já se tornarão um freio de mão puxado com força na indústria automotiva brasileira. É um velho filme com atores renovados, se repetindo… (Foto: divulgação Porsche / Instagram: @acelerandoporai.com.br)