A picape Strada é uma velha conhecida do público e, dentro do portfólio da Fiat do Brasil, atualmente é o veículo mais bem sucedido. Agora em 2023, por exemplo, foi o automóvel mais vendido do país com pouco mais de 120.000 unidades. A linha atual é composta pelas versões Ultra, Ranch, Volcano, Freedom e Endurance.
As duas primeiras vêm equipadas com o novo motor 1.0 turbo (flex, 3 cilindros) e as outras três utilizam o propulsor 1.3 naturalmente aspirado. E a ´escadinha´ exibe as configurações do patamar mais luxuoso ao modelo mais simples, que é a Endurance com cabine simples, a mais adequada para o transporte de cargas, ou seja, a mais “picape” da linha.
Mesmo concorrendo diretamente apenas com a Volkswagen Saveiro, a chegada da opção da Strada com motor turbo pode ser considerada uma resposta ao lançamento da nova Chevrolet Montana (que também tem motor turbo). Avaliei a versão Ranch 1.0 turbo com caixa de câmbio automática CVT (continuamente variável, mas que simula a troca de 7 marchas).
O que mais gostei nela foi a suavidade do rolar (em baixas rotações), a esperteza das retomadas (em baixos e médios giros) e a eficiência absurda do sistema de ar-condicionado digital. Além de esfriar demais a cabine, tem um sopro relativamente silencioso para um veículo desse porte; e os controles são muito facilitados.
O que mais me desagradou foi o alto nível de ruído na cabine e a aspereza do motor quando solicitado para uma ´conversa´ em tom mais alto com o acelerador e a caixa de marchas. Ao pisar fundo, o carro torna-se barulhento e a impressão que se tem é que o motor saiu do capô, foi embora e a carroceria ficou…
Essa unidade bicombustível (flex) identificada como “T200” na tampa da caçamba de cargas, entrega entre 125 e 130 cv de força máxima. A grande diferença em relação às versões aspiradas é o torque. Enquanto o motor 1.3 naturalmente aspirado doa pouco mais de 13 kgf.m, essa unidade 1.0 turbo com 3 cilindros da Stellantis chega a 20,3 kgf.m de torque, daí o ´200´ de 200 Newton metros (outra unidade de medição de torque). Esse mesmo motor é aplicado em modelos da Citroën e Peugeot, mas a calibração dele na Strada é, ao menos aparentemente, mais aguerrida que nos carros de origem francesa.
Por dentro, os acabamentos chamam atenção pelo esmero nos detalhes. O painel frontal ao motorista exibe molduras em tom marrom, o volante multifuncional é recoberto com algum tipo de couro sintético, assim como os assentos também são forrados com esse mesmo tipo de tecido numa combinação entre o marrom escuro e um cinza fechado (quase preto). As costuras são muito aparentes, com linhas claras.
O nível de equipamentos é bom: traz painel de instrumentos analógico-digital (bem funcional), tela multimídia com somente 7 polegadas (pequena demais), duas entradas USB tradicionais e mais uma entrada auxiliar. O apoio de braço para o motorista é um ponto de acerto na cabine, mas a mesma deixa a desejar pelo pouco espaço interno apenas para quatro pessoas que não sejam tão altas. Um terceiro ocupante no banco traseiro inviabiliza qualquer condição de conforto.
O modelo é interessante para quem busca uma picape de porte compacto com algum nível de requinte. O pacote oferece Hill Assist (assistente de subida em rampa), direção elétrica, opção de trocas manuais na própria alavanca de câmbio e nas aletas do volante, mas não disponibiliza piloto automático e partida por botão. A chave é tradicional do tipo ´canivete´. Acho que esses detalhes fazem falta a quem está disposto a pagar mais de R$ 130.000 num carro compacto montado na mesma plataforma do Mobi.
Merecia mais atenção da Fiat nesses quesitos: uma tela multifuncional maior, painel de instrumentos 100% digital, chave mais moderna e controlador automático de velocidade. No geral, a Strada conta com o prestígio de ser o carro mais vendido do país, muito bem aceito no mercado na condição de usado, portanto, com liquidez garantida após os 3 ou 4 anos de uso. (Fotos: divulgação Agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)
