Estamos falando dos excessos ou de só um “pouquinho” daquilo que nos faz mal. Os drinques, por exemplo, associados ao volante, podem estar mais conectados do que imaginamos ao que Sigmund Freud chamou de “pulsão de morte”. Parece título de filme de terror, mas o que o conceito do pai da psicanálise tenta explicar é: por que, em certas ocasiões, insistimos em escolhas que colocam nossa felicidade em risco – seja na vida pessoal, seja na vida profissional.
Apego à ‘sofrência’
Embora pareça meio maluco, pode ajudar saber que nossa busca não é apenas pelo prazer e pela realização (pulsão de vida). Temos também uma força inconsciente que encontra certa
“satisfação” no sofrimento e no fracasso. Para quê? Para tentarmos voltar a um estado de equilíbrio, mesmo que pelos caminhos mais tortuosos e autodestrutivos. No entanto, como sabemos, esse ciclo raramente acaba bem.
Além do inconsciente individual, é importante considerar os fatores culturais que reforçam comportamentos destrutivos, como a falsa ideia de que a liberdade, o alívio, a coragem estão na transgressão dos próprios limites.
Para Bert Hellinger, o pai das constelações familiares, atuam em nós certas dinâmicas ocultas que podem nos levar a repetir, inconscientemente, os destinos trágicos de nossa família, ainda que não tenhamos conhecimento deles. Seria uma forma de “lealdade oculta”, para usar um termo do psiquiatra e terapeuta familiar húngaro-americano Ivan Boszormenyi-Nagy.
Liberdade mesmo é fazer o que precisamos, não o que queremos. E também não ter que repetir destinos, consciente ou inconscientemente. Ainda que, para isso, tenhamos que pedir ajuda. Assim, passamos da autodestruição para o autocuidado; do amor que adoece para o amor que cura; das repetições para um novo ano realmente novo. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)