buru-rodas

Tarifas impostas por Trump medirão com assertividade a postura do mercado

Desde o dia 3 de abril que já estão em vigor as tarifas de 25% sobre a importação de veículos para os Estados Unidos, país que ocupa a segunda posição global em vendas automotivas após a China. Como você sabe, a medida é o cumprimento de uma das promessas de campanha do atual Presidente eleito Donald Trump. A postura do governo é, nitidamente, protecionista e, evidentemente, já começou a gerar opiniões divididas, além de consequências econômicas tanto internas, quanto externas.

Fabricantes locais estão aplaudindo, mas as marcas que dependem de importações para suprir a demanda norte-americana, passam por um momento delicado. Jaguar Land Rover (JLR) e Audi, por exemplo, já suspenderam as remessas de carros novos para os EUA, para avaliar melhor a questão e poder decidir o que farão daqui para frente. A seguir, exponho um breve resumo dessa situação para que você entenda melhor o que se passa na famosa ´terra do Tio Sam´.

Os Estados Unidos têm os vizinhos México e Canadá como seus maiores parceiros comerciais do segmento automotivo. Tanto fornecem os chamados “carros finalizados”, ou seja, veículos totalmente montados fora dos EUA, quanto enviam peças e viabilizam serviços de transportes de frota. Apesar de um acordo comercial dos EUA com México e Canadá (praticamente nos mesmos moldes que formam o Mercosul, unindo o Brasil a outros países da América do Sul), eles também estão incluídos nas novas tarifas de 25%. Para veículos que não tenham todas as peças de “conteúdo americano”, ou seja, que não forem ´totalmente obtidas, produzidas inteiramente ou transformadas nos Estados Unidos´, a incidência dos impostos pode chegar a 50% em alguns modelos.

Essa medida de Trump é dura e deverá gerar, inclusive uma diminuição das vendas dentro do próprio território norte-americano. Estima-se que as comercializações deverão cair quase 7% ainda esse ano. O impacto será significativo. Por exemplo, quase 47% dos automóveis elétricos que foram vendidos nos EUA em 2024, foram fabricados fora de lá.

Nessas horas, as mais diversas manobras são pensadas para tentar amenizar as perdas e viabilizar novamente as vendas. Os custos adicionais de medidas como essa, já apelidada de “tarifaço do Trump”, são parcialmente absorvidos pelos próprios fabricantes e pelos parceiros do segmento, integrantes da cadeia de suprimentos, mas… logicamente, quem “paga o pato” maior é o consumidor, que necessita do produto e tende a pagar mais caro, apesar de tudo.

O panorama do ano passado (2024), foi esse: a produção da América do Norte contou com 66% de modelos fabricados nos EUA, 25% no México e 9% no Canadá. As novas tarifas poderão diminuir (agora em 2025) as vendas em quase 900 mil unidades. Essas previsões são avaliadas por jornalistas especialistas em economia da indústria automotiva, levando-se em consideração a paralização de fábricas e diminuição das importações. Canadá e México já estão com fábricas da Nissan e da Stellantis paralisadas.

A produção norte-americana (incluindo EUA, Canadá e México) supre cerca de 75% do mercado interno dos EUA, portanto, 25% dos veículos leves vendidos por lá, vêm de fora do país. Do outro lado do mundo, as tarifas do Trump deverão gerar uma queda de vendas de quase 260 mil unidades de veículos feitos no Japão e Coreia do Sul.

Bom… o que se percebe é que uma guerra comercial global muito acirrada – com a China sendo a maior prejudicada nesse tabuleiro – já começou afetando, inclusive, o Brasil. A iniciativa do governo Trump em impor essas tarifas a vários produtos importados (não somente veículos) poderá até mudar os chamados ´padrões geográficos de abastecimento´, possibilitando, quem sabe, a abertura de novas negociações e a exploração de mercados inéditos. Em menos de um ano e meio, provavelmente saberemos se Donald Trump acertou ao proteger os interesses comerciais dos EUA, ou se deu um perigoso tiro no pé… (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)