Sankalpa: técnica milenar ajuda a não abandonar novas resoluções no meio do caminho

Não se estressar (especialmente no trânsito), alimentar-se bem, praticar exercícios físicos. Estas promessas soam familiar? Provavelmente sim, já que se tornaram quase um clichê. Todos os anos nós as repetimos. Todos os anos nós tendemos a abandoná-las logo na segunda quinzena de janeiro. Que tal mudar esse ciclo agora? Não, não é um convite a mais uma promessa. É “Sankalpa”, uma técnica milenar do yoga para realizar nossos pedidos sem mudar o que somos.

Por que desistimos? >> O primeiro obstáculo para realizar nossos votos, de acordo com a filosofia do yoga, está na maneira como os formulamos. “Eu serei (mais isso ou menos aquilo)…”, “Eu quero…”. A maioria deles começa assim, com verbos no futuro ou que pressupõem que neste instante não somos ou não temos o suficiente. A armadilha é que a mente mantém o foco na falta (se “quero” é porque não tenho; se “serei” é porque não sou). A dualidade implícita nessas frases drenaria a força de vontade para conseguir o que determinamos.

Outro aspecto importante, de acordo com o yoga, para não abandonar as promessas no meio do caminho: é preciso desejar com a alma, não com o ego. Isso quer dizer que precisamos entrar em contato com nossas inclinações mais profundas, investigar o que está por trás de cada pedido. Um carro novo ou respeito? Estar com o corpo em forma ou ser amado? Mudar para longe de tudo ou estar em paz? O combustível da determinação é querer o que está em sintonia com nossas necessidades mais profundas.

Então, é saber pedir >> O primeiro passo para Sankalpa é silenciar a mente racional para ouvir os desejos do coração. Pouco antes de dormir, quando o corpo e a mente estiverem mais relaxados, pergunte-se algumas vezes: “O que eu realmente quero?” Deixe que as respostas apareçam, sem ansiedade. O segundo passo é fazer a afirmação correta. Se seu desejo tiver algo a ver com ser menos estressado ao volante, por exemplo, você pode criar as seguintes afirmações: “Sou tolerante”, “Sou pacífico”, “Estou em paz” ou ainda “Sou a paz”. Não use frases como “Quero ser mais calmo” ou “Eu serei mais pacífico”. Use afirmações no presente, simples, curtas e positivas. Repita-as (em voz alta ou mentalmente) como um mantra, mas coloque intenção nelas. Esteja inteiro e, se possível, faça visualizações enquanto as mentaliza. Boa prática e um ano repleto de realizações! (De São Paulo, Adriana Bernardino Sharada é jornalista e escreve há quase uma década sobre caminhos e reflexões para uma vida mais equilibrada no trânsito. Pesquisa as mais variadas ferramentas para o autoconhecimento, com especial interesse pelo yoga e seus meios para integrar corpo, mente e espírito  / Foto: sxc.hu)