Em diversas ocasiões por aqui, já discorri sobre os veículos elétricos. Você deve lembrar o quanto eles são antigos. Só para reavivar a memória, há 125 anos (isso mesmo, no ano 1900!) a marca Lohner-Porsche Electromobile criou um carro 100% elétrico que pesava 1.500 kg e tinha apenas 14 hp de força! Essa tecnologia nasceu, mas foi engolida pelos modelos a combustão e hoje em dia está tentando consolidar-se definitivamente no mercado.

Nesse novo período, ou seja, há mais ou menos 15 anos, o chamado ´Extensor de Alcance´ foi uma ideia criada para auxiliar as baterias dos primeiros carros elétricos lançados, que eram um tanto precárias e ofereciam baixíssima autonomia. Considerado como uma ´unidade de energia auxiliar´, o Extensor de Alcance nada mais é do que um motor a combustão, um gerador secundário de energia que funciona recarregando a bateria do carro elétrico enquanto o mesmo continua a se mover na estrada.
Diferentemente de um esquema técnico de um veículo híbrido (seja ele plug-in ou simples), o extensor de alcance apenas fornece energia para a bateria, mas não é capaz de tracionar as rodas do carro. Quando equipado com esse tipo de motor extra, ele passa a ser chamado de “Veículo Elétrico de Autonomia Estendida” ou ´REEV´.
Pois bem, o extensor de alcance foi lançado lá atrás para eliminar ou tentar minimizar a “ansiedade de autonomia”, um comportamento que até hoje é comum em proprietários de veículos elétricos que ficam temerosos em ´ficar na estrada´ por falta de energia na bateria.
A questão, porém, é que a indústria mergulhou em pesquisas e conseguiu uma considerável evolução na qualidade das baterias. Hoje, o alcance de alguns carros elétricos (em ciclos urbanos) já consegue ultrapassar os 700 km com segurança. Além disso, pontos de recarga públicos se multiplicam a cada dia, apesar de ainda não atenderem completamente à demanda.
No início, os extensores de alcance foram fabricados como acessórios que podiam ser instalados em diversos carros elétricos de baixa autonomia. Esse tipo de motor praticamente parou de ser procurado, justamente pela evolução e melhoria dos carros elétricos, com autonomias bem mais interessantes.
Nesse instante há um novo movimento ligado ao segmento de veículos puramente elétricos, que poderá ressuscitar com muita força os extensores de alcance, inclusive, afetando significativamente, o sucesso dos modelos híbridos plug-in. Exemplo disso é a postura da ZF – gigante alemã, detentora de inúmeras (e incríveis) patentes automotivas e industriais – que anunciou essa semana uma nova geração de ´motores extensores de alcance´ que chegarão ao mercado em 2026.

A ZF já tem uma linha desse tipo funcionando há muitos anos, principalmente em veículos que rodam na Inglaterra como táxis. A empresa germânica enfatiza que os seus “Electric Range Extender (eRE)” e o “Electric Range Extender Plus (eRE+)”, são sistemas a combustão flexíveis em termos de desempenho (400 ou 800V) e altamente modernos, mais compactos e leves.
Tradicional fornecedora de grandes marcas globais, como a Mercedes-Benz, por exemplo, que utiliza caixas de câmbio ZF, dentre outros itens nos seus veículos, os novos extensores de alcance ZF já deverão vir integrados aos novos automóveis elétricos atuando como “fonte amiga” da bateria. As vantagens básicas são: auxílio direto no sistema de ar-condicionado, faróis e entretenimento, conservação da bateria em temperatura ideal e, obviamente, recarga extra imediata e em movimento da bateria ligada ao motor elétrico de tração das rodas.
Acredito que a chegada dos novos extensores de alcance (menores, mais leves e potentes) será uma discreta revolução com capacidade de transformar os limitados carros 100% elétricos em interessantes REEVs com larga autonomia e baixíssimo custo por quilômetro rodado. (Fotos: divulgação ZF via comunicação corporativa com Agência MM Editorial / Instagram: @acelerandoporai.com.br)