Para entender, mesmo que superficialmente, a história e as particularidades de uma marca automotiva, é preciso voltar ao passado, transitar pelas origens da fundação, para, somente assim, conseguir identificar os porquês das linhas que compõem o histórico do design, a escolha das cores mais tradicionais, os tipos de motorização, dentre tantos outros detalhes.
Ettore Bugatti, fundador da famosa marca fabricante de automóveis que até hoje leva o seu nome, foi um cidadão italiano que viveu durante muitos anos numa província no leste da França chamada de Alsácia-Lorena. Tornou-se engenheiro, mas sempre manteve viva a herança genética de verdadeiros artistas da família, como o seu pai, Carlo, um carpinteiro e artesão que desenhava e fabricava móveis extremamente elegantes e seu irmão mais novo – Rembrandt Bugatti – um talentosíssimo escultor que se notabilizou por criar belas peças, principalmente, em bronze. O pequeno elefante que fica no topo do radiador do modelo Bugatti Royale, por exemplo, é uma miniatura exata de uma das esculturas originais de Rembrandt. Portanto, fica fácil de entender de onde veio toda elegância e exclusividade da marca Bugatti.
Apresentado em alguns salões de automóveis europeus em 1935, o Bugatti Type 57 SC Atlantic tem tudo a ver com o que foi dito acima. Ele foi criado numa época em que os carros de luxo estavam em queda vertiginosa nas vendas devido à ´grande depressão de 1929´ nos Estados Unidos, o país que mais importava veículos europeus.
Das mãos do criativo Jean Bugatti (filho de Ettore) nasceu o incrível Type 57 SC Atlantic. Com linhas extravagantes e com uma divisão de volumes muito acertada, esse modelo já foi exposto em vários museus não somente como um ´carro´ em si, mas como uma escultura!
Extremamente elegante e curvilíneo, o Bugatti Type 57 SC Atlantic foi construído à mão com alumínio predominando na carroceria. Inusitadamente, alguns pontos fundamentais da estrutura foram ameaçados com a fragilidade da solda que fundia magnésio com alumínio. Prevaleceu a engenhosidade da família: para solucionar o problema, Jean Bugatti, juntamente com o seu assistente Joseph Walter, uniram algumas seções com rebites e, desse jeito, nasceu a nervura central em forma de espinha dorsal que divide a carroceria. E esse, curiosamente, tornou-se o ponto de estilo principal dessa verdadeira obra de arte motorizada. Falando em motor… o modelo vinha com um propulsor de 3.3 litros e 8 cilindros em linha, que o levava a espantosos 210 km/h naquela época!
Apesar de belo, funcional, moderno e com um projeto agradável em vários sentidos, o Bugatti Type 57 SC Atlantic teve somente 4 unidades fabricadas, portanto, não chegou a entrar em linha de produção, principalmente, pelos altos custos e por causa de um momento desfavorável do mercado.
Os três primeiros Bugatti Atlantic foram comprados por ricos clientes, sendo um deles completamente destruído num terrível acidente numa passagem de nível de trem, aonde o proprietário ensinava a amante a dirigir… Já a unidade nº1, um protótipo de fábrica, tem destino desconhecido ao longo desses 88 anos.
O Bugatti Type 57 SC Atlantic tornou-se ainda mais valioso e conhecido quando o famoso estilista de moda Ralph Lauren adquiriu uma dessas unidades, que foi absolutamente restaurada e pintada em preto. O outro exemplar (que você confere aqui em várias fotos) também foi restaurado e pintado na famosa cor ´Azul-Celeste´, uma das mais clássicas da Bugatti.
E para manter viva essa robusta tradição, uma cliente milionária e, obviamente, apaixonada pela marca, encomendou à Bugatti um Chiron Super Sport 100% personalizado e que fosse desenvolvido com inspiração no Type 57 SC Atlantic. Assim nasceu o ´Bugatti Chiron Super Sport 57 One of One´. A criação do modelo foi pessoalmente acompanhada por Jascha Straub, designer-chefe ´Sur Mesure´ da Bugatti.
O exclusivo carro de luxo ganhou uma impressionante tonalidade azul prateada, uma discreta ´nervura´ central que começa no capô e se estende pelo teto e a silhueta do Type 57 SC Atlantic gravada nos forros das portas e embaixo do aerofólio traseiro. As rodas Super Sport de cinco raios em cromo polido sustentam o hiperesportivo que pode atingir 440 km/h de velocidade máxima! A bonita homenagem é um afago na rica herança de charme e exclusividade da Bugatti. (Fotos: divulgação Bugatti / Instagram: @acelerandoporai.com.br)