Muito mais conhecido pelo apelido de ´Royale´, o (literalmente) grandioso Bugatti Type 41 foi o maior sonho e, ao mesmo tempo, a maior decepção do empreendedor automotivo Ettore Arco Isidoro Bugatti. Construído para servir a Reis, Rainhas e Chefes de Estado e configurado para ser o maior e melhor automóvel de todos os tempos, o Bugatti Royale foi um fracasso nas vendas. O maior problema que Bugatti enfrentou foi o péssimo momento financeiro que, principalmente o mercado norte-americano passava. Os anos ´20 estavam em recessão profunda e o imponente automóvel era caro demais para aquele instante.

Pretensões >> A ideia de Bugatti era construir uma limitadíssima série de 25 unidades do Type 41 e os preparativos seguiram à altura do projeto. O Royale teria de ter – simplesmente – o ´melhor´ que houvesse no mercado como equipamento de série. A começar pelo charmoso interior com tecido negro repleto de apliques que culminavam em desenhos assemelhados às artes expostas nos elegantes azulejos portugueses, o veículo era um luxo só. O couro, a madeira e o alumínio acompanhavam a decoração interna.

Paralelamente, diversos estúdios de design automotivo criavam e já fabricavam carrocerias do tipo ´Berline, coupé, cabriolet e roadster´ no intuito de ´vestir´ ao menos 1 desses 25 carros que iriam entrar para a história.

Decepção >> Para o descontentamento de Ettore Bugatti, de fato, ´o mar não estava pra peixe´ naquela época e as encomendas foram escassas. Mesmo para os clientes mais abastados da Europa e Estados Unidos, o preço dessa joia gigante de quase 6,5 metros de comprimento era salgado demais. Ao invés de 25 unidades, apenas 6 saíram da linha de produção, dentre as quais, três foram comercializadas: uma para a Inglaterra, outra para a Alemanha e uma terceira para a França.

Reformas >> Esses seis magníficos automóveis ainda existem e raramente são expostos em eventos de carros antigos. São originais, no entanto, ao longo dos anos alguns receberam alterações nas suas carrocerias e interiores. Há indícios de que um deles (um ´Coupé Napoleon´, pertencente ao próprio Ettore Bugatti) recebeu três carrocerias diferentes. Existe um coupé de Ville, outro batizado de ´Park Ward´ com carroceria do tipo limusine, o conversível Weinberger, mais um aberto para “excursões” e o Double Berline de Voyage.

Fim do sonho… >> Quando Ettore Bugatti sentiu que não conseguiria vender a série de 25 carros, passados os seis primeiros anos de fabricação (1927-1933), mesmo entristecido, o magnata decidiu suspender o projeto. Hoje, cada um dos seis pode custar mais de US$ 15 milhões em leilões do ramo!

Evidentemente que, pelo baixíssimo número de carros feitos e pelo assustador preço…, será dificílimo guiar um Royale algum dia. Mas é possível apreciá-los em museus. O Coupé Napoleon, por exemplo, vive exposto no Museu Nacional Mulhouse de Automóveis (na França) e o Cabriolet Weinberger (que tive o prazer de ver de perto), encontra-se no Museu Henry Ford na cidade de Dearborn, Michigan (EUA).

Curiosidades >> Além dos 6 Bugatti Royale legítimos, existe um sétimo exemplar que é uma réplica perfeita do segundo carro da produção original. Trata-se de um conversível verde de dois lugares, também exposto na França. //// Seu gigantesco motor tinha 12,7 litros de volume! Esse propulsor de 12.763 cm³ distribuía a força via uma caixa de câmbio de três marchas, deslocando os 3.175kg do carro com relativa facilidade. A velocidade máxima chegava aos 162 km/h. //// Um detalhe de acabamento charmoso e inusitado é o elefante prateado que vinha decorando a tampa do radiador desse luxuoso carro.