Fundada em 26 de setembro de 1810, portanto, considerada uma das marcas automotivas mais antigas do mundo, a francesa Peugeot começou suas atividades forjando aço para fabricar serras, fez moedores de café e pimenta, fabricou bicicletas e estruturas para guarda-chuvas e, somente depois disso é que vieram os automóveis.
Um ponto em comum entre todos os produtos feitos por essa empresa é o bom gosto no design, a meu ver, a característica mais forte dessa fabricante e, particularmente, do Peugeot 208, um hatch de 4 portas que inaugurou uma nova geração no Brasil em 2020.
Opções de motores >> Por causa da coexistência com a Fiat dentro da esfera da Stellantis (conglomerado que congrega 14 marcas), o modelo começou a ser ofertado com motorização 1.0 Fiat (3 cilindros/aspirado/75 cv), 1.6/16V da extinta PSA (4 cilindros/aspirado/118 cv) e a grande novidade é a chegada da versão Turbo do 208, que vem com um propulsor 1.0 Fiat (também com 3 cilindros), 130 cv de força máxima e 20,4 kgf.m (ou 200 NM) de torque.
Versões >> No mercado brasileiro a linha 208 turbo será ofertada nas seguintes opções com seus respectivos preços sugeridos: Allure (R$ 99.990); Style (R$ 109.990) e Griffe por R$ 114.990. Logicamente, a adoção do novo motor Fiat com turbocompressor (que é o mesmo propulsor que equipa a picape Strada, o Fastback e o Pulse) aconteceu para atender à uma demanda de clientes que não estavam satisfeitos com um conjunto de linhas interessantíssimas, mas com desempenho aquém do esperado. Mesmo com a unidade 1.6 com 4 cilindros e 118 cv, o Peugeot 208 deixava a desejar, acelerando de 0-100 km/h em mais de 12 segundos.
Melhoramento >> O novo motor turbo trouxe, de fato, um fôlego a mais para o hatch, mas, apesar da aceleração de 0-100 km/h ter caído para 9 segundos, o que é uma respeitável diferença, ele continua um carro compacto apenas dócil, mesmo exibindo uma cara de mau com o grupo óptico frontal que lembram dentes ou lâminas.
Dia a dia >> Passei uma semana avaliando o Peugeot 208 turbo, observando ao máximo todas as possibilidades de uso. O ´casamento´ do 1.0 turbo da Fiat com o câmbio automático CVT (continuamente variável) é adequado, mas o desempenho do carro não instiga fortes emoções. Quando exigido em altas rotações, o propulsor ´grita´ demais, apesar do escalonamento longo do câmbio. Em giros baixos, na suavidade de uma condução urbana racional, aí sim, o Peugeot 208 esbanja silêncio mecânico e bastante conforto. Mesmo com o modo ´Sport´ acionado e utilizando trocas de marchas “manuais” (que deixam de ser ´manuais´ quando a rotação sobe muito e a eletrônica reassume o comando das mudanças), o 208 turbo continua sendo apenas um hatchback bonito e com estilo moderninho, mas, um carro manso.
Similaridade com o C3 >> Arrisco dizer que num teste às cegas, um passageiro não saberia distinguir se passeou num Peugeot 208 ou num Citroën C3, dadas as incríveis similaridades de ajustes de suspensão. Ambos são excessivamente macios. Um Peugeot à moda antiga (de épocas anteriores à PSA), seguramente, teria a suspensão mais firme e um sistema de freios mais sensível, do tipo ´freio de ataque´, como se diz no linguajar das pistas de corrida.
Conteúdo >> As três opções da linha Peugeot 208 turbo (Allure, Style e Griffe) já vêm bem equipadas e a graduação de conforto e exclusividade vai subindo da seguinte forma: o Allure vem com controle de estabilidade, rodas aro 16” (pneus 195/55 R16), multimídia com tela de 10,3″, Android Auto e Apple Car Play sem fio, ar-condicionado digital, 4 airbags, controle de cruzeiro com limitador de velocidade, luz diurna de LED (DRL), modo Sport para condução, câmera de ré e sensor de estacionamento traseiro e 6 alto-falantes. Pagando R$ 5.000 a mais, o pacote ´Excellence´ oferece o teto solar panorâmico, bancos e volante cobertos em couro, chave presencial, carregador de celular sem fio, apoio de braço para o motorista e iluminação interna para o banco traseiro.
Mais itens extras >> A versão Style traz todos os itens da Allure, mais: câmera de ré com visão 180 graus, comandos no volante, grupo óptico em LED, painel de instrumentos digital com efeito tridimensional, pedais de alumínio e rodas de liga leve aro 17”. Já a configuração Griffe vem com todos esses itens anteriores + 6 airbags, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis, alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, acionamento automático de farol alto, assistente de permanência em faixa e detector de fadiga. Curiosamente, o 208 Turbo Griffe (topo da gama) vem com rodas aro 16”. Essa última opção, completíssima, equipara-se ao (também muito bem equipado) Hyundai HB-20. Além dele, o Chevrolet Onix e o Volkswagen Polo completam o time de oponentes diretos do 208 turbo.
Frigir dos ovos… >> Gostei da simplicidade nas funcionalidades da tela multimídia, do silêncio ao rodar em baixas rotações, da leveza da direção com assistência elétrica, do consumo (consegui uma boa média de 11,3 km/litro na cidade), qualidade do sistema de som e da capacidade de frenagem.
Para regiões quentes do Brasil, o teto solar panorâmico é dispensável, já que a persiana interna não filtra o calor do sol, assim como os bancos revestidos em couro, nesse contexto, não combinam com o nordeste brasileiro.
Beleza entre à mesmice >> Para quem deseja se diferenciar na multidão, as assinaturas ópticas visuais (frontal e traseira) destacam o carro no trânsito, assim como a belíssima tampa do porta-malas + parachoque + lanternas, compõe a estrutura visualmente mais acertada desse projeto.
É impossível não identificar um Peugeot 208 olhando-o, principalmente, pela frente. Creio que, pelo que o carro oferece, ele ´vale o quanto pesa…´ (Fotos: divulgação Agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)