A marca japonesa Subaru pertence ao conglomerado FHI (Fuji Heavy Industries), que atua em diversos ramos, dentre os quais, o automotivo e o aeroespacial. Com o encerramento do atual ´ano fiscal´, a empresa deverá fechar o exercício de 2015 com 940 mil automóveis comercializados no mundo. No Brasil, país que conta com uma rede de apenas 10 concessionárias, o volume de vendas não deverá atingir nem 0,2% desse total o que representaria cerca de 1.800 unidades.
A direção geral da Subaru, no entanto, acredita que até dezembro de 2016 terá 20 revendedores credenciados, devendo então, dobrar a sua performance. O número é bem baixo, mas justifica-se, segundo a direção da CAOA (importador oficial da marca para o mercado brasileiro) pela incapacidade que as duas fábricas (uma no Japão e outra nos EUA) têm de suprir a demanda global. Enfim…, quem perde com isso é o consumidor brasileiro, já que os carros da Subaru, pela resistência, durabilidade e excepcional padrão construtivo, são pouco difundidos por aqui.

Família WRX >> Recentemente tive a oportunidade de realizar um test-drive nos novos WRX e WRX STi que acabaram de chegar ao Brasil na versão ano/modelo 2016. Apenas ofertados no mercado nacional com carroceria em estilo sedã (3 volumes, já que existe, também, o hatch), os esportivos representam a essência mais apurada da filosofia desse fabricante, já que surgiram e foram aperfeiçoados nas pistas de rali do WRC (World Rally Championship) no início dos anos 1990.

Tradição fiel >> O detalhe técnico de engenharia mais explorado pela Subaru (inclusive como ferramenta de propaganda e marketing) é o ´Symmetrical All-Wheel Drive´, provavelmente o sistema de tração 4X4 mais eficaz e exato do mundo para carros de passeio. É meio difícil se compreender o que vou falar agora sem antes dirigir um bólido desses num autódromo, mas, por mais vocação que você tenha para pilotar um carro e, além disso, coragem para tentar atingir os “seus” limites, um Subaru WRX STi jamais vai te dar esse gostinho (de você imaginar que, enfim, extraiu tudo o que ele tinha para dar…). Dirigi os dois carros e constatei uma surpresa e uma decepção. Conto tudo mais abaixo.
Engenharia espetacular >> A versão WRX (mais mansa, de 270 cv) chega com o novo motor ´FA20´. A unidade 2.0 de 4 cilindros contrapostos (Boxer, com os cilindros deitados na mesma posição dos de um VW Fusca a ar, por exemplo) é equipada com turbocompressor e injeção direta de combustível. O torque máximo de 35,7 kgf.m é atingido aos 5.200 rpm. Pela primeira vez no mercado brasileiro, o WRX vem equipado com transmissão automática de 8 marchas. A Subaru batizou esse câmbio de ´Sport Lineartronic´. Já a versão WRX STi vem com um motor bem parecido na concepção, mas com outros atributos. A receita é esta: 4 cilindros, turbo, 2.5, 310 cv e torque de 40 kgf.m já aos 4.000 rpm. Nesse caso o STi acelera de 0-100 km/h em apenas 5,2 segundos e atinge velocidade máxima de 250 km/h.
Comportamento >> Como destaquei acima, essa linha da Subaru foi feita para quem curte, essencialmente, a esportividade no seu pico mais apurado. Os bancos (quase) em concha, volante com base achatada, costuras em vermelho e painel totalmente focado em dados pouco usuais nos carros comuns, são apenas alguns códigos clássicos extraídos das pistas de corrida. O cockpit é convidativo à alta velocidade e, por fora, a sedução pelo perigo se repete, já que o design é rebelde e com muita personalidade.
Eu gosto do conjunto, mas há quem classifique os Subarus WRX e WRX STi como carros feios. Diria que são exóticos e chamativos, absolutamente adequados à proposta de sua construção. O gigantesco aerofólio traseiro do STi, por exemplo, é um dos melhores indicadores dessa ousadia estética, mas, por fim, parece combinar perfeitamente com esse carro. Realizei o sonho e tentei ir até onde a coragem me deixasse chegar. Com os controles de tração e estabilidade desativados, você corre o risco de ir catar grama depois da cerca do vizinho, tamanha é a disposição do STi. Com esses artefatos devidamente vigilantes à sua condução, o Subaru WRX e, principalmente, sua versão STi parecem andar guiados em trilhos. São espetaculares principalmente nas curvas e na capacidade de frear.
Minha nota 10 vai para o STi de 310 cv e câmbio manual, um doce veneno que instiga o motorista a querer rodar o mundo se divertindo com ele. A decepção que me referi acima, recai nas trocas lentas do câmbio automático de 8 marchas do WRX, um pecado inaceitável, uma incongruência num conjunto tão harmônico. No geral, um brinquedo excepcionalmente bacana que faz qualquer adulto de cabelos grisalhos se transformar num garoto imberbe. (Fotos: divulgação)
Ficha técnica (Subaru WRX/WRX STi)
Aceleração 0-100 km/h: 5,2 segundos (versão STi)
SI-Drive (Subaru Intelligent Drive): seletor que permite a alteração das características de dirigibilidade do carro em três diferentes opções: Intelligent, Sport e Sport Sharp.
Equipamentos de série: teto solar elétrico, faróis de xenônio, rodas 18” de liga-leve, bancos em couro, ar-condicionado dual zone.
Tração: 4X4 Symmetrical All-Wheel Drive com distribuição variável de torque (VTD).
Active Torque Vectoring: sistema que otimiza a distribuição do torque;
Capacidade do porta-malas: 340 litros.
Pneus: 245/40 R18
Preços (base SP): Subaru WRX (R$ 147.900) / WRX STi (R$ 194.900)