Médicos das ´escolas antigas´ são unânimes em dizer que “se você quer acelerar a morte de um idoso, retire ele da sua antiga casa ou o impeça de fazer o que gosta”. Já vi histórias reais que comprovaram isso. Com o aumento da violência urbana ou o sujeito vai morar num condomínio fechado de casas ou se submeterá aos moldes arquitetônicos modernos, com apartamentos nem sempre espaçosos.
De acordo com as normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não existe um limite de idade para que algum condutor seja obrigado por lei a parar de dirigir. Há, no entanto, uma mudança no prazo para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A partir dos 65 anos de idade o intervalo de avaliação por médicos de clínicas credenciadas aos Detrans, deixa de ocorrer a cada cinco anos, passando a ser demandado de três em três anos.
Os parâmetros exigidos são: exame médico de aptidão física e mental, exame psicotécnico para motoristas que exercem atividade remunerada e exame toxicológico para motoristas das categorias C, D e E, este último obrigatório desde 1º de janeiro de 2022. O processo é simples: durante a rápida consulta com o médico responsável, há um teste de força das mãos e braços, acuidade auditiva e visual e percepção de sanidade mental. Se a pessoa estiver com a saúde razoavelmente em dia, poderá dirigir por bastante tempo no Brasil.
Acredito que até os 75 anos, tomando-se muito cuidado com o horário e escolhendo rotas menos movimentadas, o idoso é capaz de dirigir sem problemas. Acima disso, apesar dos recursos de segurança ativa presentes nos veículos modernos, como os avisos de saída de faixas, sistema de frenagem autônoma, alerta de fadiga, dentre outros, creio que seja um risco manter-se ao volante. O trânsito mudou: está mais cruel e rápido. Veja esses dois casos. A mãe de dois grandes amigos meus de infância, idosa quase nonagenária, outro dia engatou a ré no seu carro e atravessou uma movimentada via de repente: um ônibus freou evitando um gravíssimo acidente. O já falecido e saudoso Dr Lumar Fonsêca de Machado, antigo tabelião titular do Cartório do 4º Ofício de Notas em Maceió (AL), também meu amigo de longas datas, após um susto inusitado ao volante de um Chevrolet Monza ´série Fittipaldi´, que foi o seu último carro, percebeu que os reflexos já não estavam em sintonia com sua mente lúcida, daí, decidiu, sem grandes traumas, abandonar o volante.
No aspecto da ausência de limite de idade para se guiar, o CTB é leniente para com os motoristas. Por um lado, isso é um risco para o próprio condutor idoso e para outras pessoas que possam sofrer as consequências de um acidente ocasionado por ele e, por outro, é justo, pois não nivela por baixo as impossibilidades de efetuar o ato de dirigir, por quem não cuida do corpo e da mente. Há um número crescente, por exemplo, de “jovens idosos” com 65 anos em média, reunidos em grupos a realizar longas viagens em motocicletas! Dirigir é sinônimo de liberdade e independência. Aos 52 anos ainda nem penso na possibilidade de um dia parar, mas sei que esse momento, infelizmente, chegará. Nesse aspecto, creio que jamais estarei pronto… E você? (Quer se emocionar sobre esse tema? Assista ao vídeo ´A grande despedida´, feito pela Nissan. O link é esse: https://www.youtube.com/watch?v=3iZWsQC2tFU ) (Fotos: Nissan Brasil / Instagram: @acelerandoporai.com.br)