O genial cientista australiano Robert McCredie May, com seus incríveis estudos sobre biologia e zoologia, foi o criador da fantástica ´Teoria do caos´. Ela demonstra – a partir de uma fórmula matemática – que ninguém pode prever com determinação qualquer coisa que ainda vai acontecer. ´Bob´ May foi muito mais fundo do que as mais assertivas teorias sobre probabilidades. Para conseguir tal feito (inquestionável desde 1975, data da consolidação da sua teoria transformada em cálculos alfanuméricos) talvez ele tenha se inspirado no trânsito brasileiro. Será que existe algo mais caótico do que isso? Acredito que não. Assim como também creio que é praticamente impossível hoje em dia não se estressar ao volante de um veículo nas ruas do Brasil.
Caminhando pelas calçadas do seu bairro será muito mais fácil entender isso, pois sob uma óptica distanciada, você poderá ver o que se torna invisível quando se está dentro de um automóvel. Lembra daquela história do “efeito borboleta” que diz que “o batimento das asas de uma borboleta na Argentina pode causar um furacão ou um tornado na Ásia?”. Robert May também foi o autor disso. Particularmente, penso em microuniversos no trânsito interagindo entre si com a máxima fúria atômica, em pequenas guerras perturbadas que se completam saltando de esquinas para outras esquinas, avenidas, ruas, estacionamentos, vagas de condomínio, estradas largas e vias assassinas de mão dupla, tudo numa consonância absurdamente perfeita no intuito final de dar continuidade ao caos.
Comentei com dois amigos (Daniel Barros e Demóstenes Silveira) sobre uma cena que vi essa semana: uma mulher grávida (pelo avantajado e imponente estado físico, em estado final de gestação) na garupa de uma motocicleta. Para mim, um absurdo. Para ela, provavelmente, uma necessidade, assim como a do ´mototaxista´, que precisa conquistar o seu sustento. Eu estava ´a pé´ praticando cooper e olhando as ondas do mar. Naquele momento pensei em como os seres humanos são diferentes! Se você puder, ande a pé observando o trânsito e o consequente comportamento dos motoristas. Do alto de um prédio é outro bom lugar para se ver aquilo que normalmente nos cega. Eu vejo – todos os dias – pessoas distraídas ao volante olhando para a tela do celular, ´furando´ o sinal vermelho, gesticulando para o vizinho de faixa, revidando ataques, buzinando enlouquecidamente, destruindo tímpanos com escapamentos abertos, fazendo coisas irracionais… O vai e vem da adrenalina, a sensação de vingança, a quase total falta de solidariedade, tudo isso é o reflexo do stress coletivo, da pressa e da ânsia a que o mundo todo hoje está submetido. Você também faz parte disso ou somente anda a pé ou de bicicleta observando as borboletas…? (Fotos: divulgação Agência FBA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)