Assim como em qualquer produto raro, se houver alta demanda, o preço sobe. Com o ´lítio´, ocorreu desse jeito: especificamente em 2018 o seu valor praticamente quintuplicou em relação ao que era praticado. Antes de ser utilizado em larga escala nas gigantes baterias que alimentam veículos elétricos, o lítio também está presente nas pequenas baterias de computadores, celulares e sistemas de som portáteis, assim como em comprimidos que ajudam a controlar o atormentador ´transtorno bipolar´ nos seres humanos. Sem querer ser um desses ´eco-chatos´ de plantão, aqui levanto a bola apenas para ampliar a discussão sobre os carros elétricos, tão em moda no momento. A Agência Internacional de Energia (AIE) coletou dados importantes. Por exemplo: no início de 2019 havia apenas 3,2 milhões de carros elétricos rodando no mundo. Há uma expectativa que, até 2030, esse número aumente em 15 vezes!
O lítio ´bruto´ geralmente é extraído de rochas ou de lagos de salmoura salgada. Imagina-se que as maiores jazidas encontrem-se no Chile, Argentina, Estados Unidos (especificamente na Carolina do Norte) e Austrália. Os carros elétricos são lindos e silenciosos, além de (aparentemente) ecologicamente corretos, é claro… mas é preciso observar detalhes significativos por trás da fabricação dos mesmos. Para se extrair 1 tonelada de lítio, são necessários 500.000 galões de água! Isso significa, aproximadamente, um milhão e novecentos mil litros de água… Além disso, como o mineral contém substâncias perigosas, o processo de extração contamina bacias hidrográficas, ou seja, expõe os ecossistemas locais a envenenamentos e outros problemas de saúde relacionados aos humanos e animais, sem falar na enorme quantidade de emissões de dióxido de carbono oriundos do corte exagerado de árvores nos perímetros das jazidas e do refugo de enormes motores a combustão queimando óleo diesel e gasolina sem parar. A mesma Agência Internacional de Energia alerta para outro dado preocupante: a produção de um pacote de baterias para um veículo elétrico (que pesa, em média, entre 500 e 600 kg) emite cerca de 70% de dióxido de carbono a mais do que a produção de um carro tradicional feito na Europa. No contraponto desse cenário, o aperfeiçoamento dos chamados ´combustíveis sintéticos´ – que não são de origem fóssil – está em fase final de testes, principalmente, na Alemanha, país que está apostando nessa possibilidade e que pode gerar uma sobrevida aos motores a combustão tradicionais. O ´óleo diesel´ e a ´gasolina´ sintéticos poluem cerca de 85% a menos que os originais extraídos do petróleo e já funcionam quase com perfeição. O próximo passo será baratear o custo desse produto.
No Brasil temos o etanol, o famoso ´álcool etílico´, um fantástico biocombustível de origem vegetal que já é conhecido desde os anos ´1970 e sim, pode evoluir para melhor na sua composição. Nosso etanol é limpo e muito eficiente nos motores flex. O panorama, portanto, é esse: um lado da indústria fazendo propaganda positiva de algo que não é tão bacana quanto se pensa (veículos elétricos) e o outro apresentando possibilidades factíveis que não impactam a natureza e podem ampliar o PIB de qualquer lugar que ousar apostar nisso… (Fotos: Google free royalties / Instagram: @acelerandoporai.com.br)