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Tarifas maiores podem desaquecer o comércio de automóveis

Uma das promessas mais enfáticas da última campanha política de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, foi a de elevar tarifas de importação, principalmente de produtos feitos na China, México e Canadá. E dentre os itens mais afetados, os automóveis estão no primeiro plano da conversa.

Interessante observar um novo movimento global que está acontecendo, com governos taxando mais e mais, numa espécie de protecionismo desenfreado que não visa somente a manutenção de empregos locais, mas arrisca – não se sabe ao certo por qual razão – a própria estabilidade econômica, abrindo espaço para a inflação.

Isso ocorre não somente por causa da agenda radical de Trump e sua intenção sincera em manter os EUA sempre no centro das negociações, inclusive com a sua moeda servindo, há mais de um século, como referência principal em transações internacionais. O martelo até pode ser batido em cima de outro dinheiro circulante, mas a conversão aceita mantém a base no antigo e sólido dólar norte-americano.

Uma época marcante de liberação de níveis de tarifas e até isenções delas, ocorreu no início dos anos ´1990, mais precisamente em março de 1991, quando foi criado o famoso Mercosul (Mercado Comum do Sul) pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Posteriormente, Chile e Bolívia também entraram no acordo que liberava (ainda o faz em muitas esferas) o trânsito de mercadorias sem impostos entre esses países. O Brasil, pelo tamanho, pujança geográfica e força industrial, talvez tenha sido o mais beneficiado dessa história.

Agora o padrão mudou: ao invés de acordos amigáveis e vai e vem de produtos com ampla liberdade, acontecem a todo instante novas taxas, tarifas mais altas e verdadeiras guerras diplomáticas entre gigantes produtores nos seguimentos de alimentos (agronegócio), bebidas e nas áreas de tecnologia da computação, medicamentos, aeroespacial e automotiva.

Sem a menor dúvida, já está se formando um novo desenho do comércio global, mais fechado e, escancaradamente, protecionista, forçando – com alta probabilidade – um desvio de rota das cadeias de suprimento, ou seja, um deslocamento abrupto de negócios tradicionais para novos clientes em países menores, mas que sejam bons pagadores.

O confronto de altas tarifas pode criar, finalmente, uma desaceleração comercial internacional. Algo como um dono de restaurante que, a partir de hoje, passasse a depender somente de clientes locais, sem as entradas extras oriundas dos turistas, perdendo faturamento. No caso do universo automotivo, a partir dessa nova postura comercial, deverá acontecer uma estagnação tecnológica e até redução nas exportações. (Imagem: Microsoft Designer Creator IA / Instagram: @acelerandoporai.com.br)